A doença de Chagas é uma parasitose que afeta cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que por ano morrem 100 mil pessoas devido às complicações provenientes desta infecção, informa o Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa.
Uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego e da Universidade A&M do Texas, ambas nos Estados Unidos, está estudando de que forma um tratamento experimental para a doença de Chagas, também denominada de Tripanossomose Humana Americana, pode ser eficaz na contenção da infecção provocada pelo novo coronavírus SARS–CoV-2, por trás da doença pandêmica da Covid-19, revela um artigo publicado na revista Galileu.
Segundo a OMS, a doença de Chagas é a principal causa de insuficiência cardíaca na América Latina. Ao mesmo tempo que é uma das doenças tropicais mais negligenciadas, por predominar sobretudo em países de baixo rendimento, o que faz com que receba pouca atenção e investimento por parte da indústria farmacêutica e de estudos internacionais.
Esta patologia grave é potencializada pelo parasita Trypanosoma cruzi, cujo principal vetor para infectar os seres humanos é o percevejo conhecido como ‘barbeiro’.
No organismo, o Trypanosoma cruzi produz a enzima cruzaína, permitindo assim que se replique e invada o sistema imunológico.
Tendo isso em conta, destaca a revista Galileu, os pesquisadores norte-americanos estão analisando um inibidor para essa enzima que possa possivelmente ser utilizado como um medicamento. Perante a pandemia da Covid-19, os investigadores procuraram direcionar os dados apurados no combate contra o SARS–CoV-2.
De acordo com os cientistas, o novo coronavírus é somente capaz de infectar células humanas se a sua proteína spike for divida pela enzima catepsina L. Enzima essa extremamente semelhante à cruzaína.
No decorrer da pesquisa, os especialistas demonstraram, a partir de células criadas em laboratório, que o inibidor qK777 que já revelou ser eficaz contra a cruzaína, é igualmente capaz de refrear a catepsina L – impedindo que o novo coronavírus infecte as células.
James McKerrow, co-autor sênior do estudo, disse: “como o K777 inibe uma enzima humana, não o próprio vírus, esperamos que seja menos provável que o vírus desenvolva resistência contra ele”.
“Ficamos surpreendidos com a eficácia do K777 no bloqueio da infecção viral em laboratório”, acrescentou.
Adicionalmente ao estudo, a Selva Therapeutics, empresa norte-americana de biotecnologia, licenciou o K777 e detectou, em pesquisas com animais, que o inibidor contribui para a prevenção de danos pulmonares provocados pela Covid-19.
O novo estudo foi divulgado no dia 31 de março na publicação científica ACS Chemical Biology.
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