É preciso conhecer todos os fatos para não cairmos no engodo narrativo midiático.
É difícil falar mal dos “pancadões”, “funks”, “proibidão”, atualmente. Qualquer crítica, por mais fundamentada que seja, é logo apedrejada por acusações de racismo, “elitismo”, preconceito, reacionarismo, e tutti quanti.
O recente pisoteamento de 09 jovens num “baile funk” em Paraisópolis/SP abalou o país e trouxe de volta a discussão sobre o “despreparo estatal” e a “licitude dessas festas”. Isso se repete há anos nos casos de denúncia de estupros coletivos praticados sob o manto das letras eróticas e violentas dos funks.
Nas notícias divulgadas era visível a intenção de associar às mortes dos jovens a intervenção “truculenta” feita pelas autoridades de segurança pública. Será mesmo? A princípio, os policiais estavam perseguindo suspeitos armados, tendo, inclusive, sofrido disparos de armas de fogo. Os criminosos, assim, buscaram se ocultar num “baile funk” que ocorria em Paraisópolis/SP (na Rua 17), usando das pessoas que ali estavam como “escudos humanos” (essa é a ética criminosa, que ninguém dedicou uma mísera nota nos jornais).
Note-se, os policiais não tinham ciência do “baile funk” até se depararem com o evento. Por quê? Simples, porque o “baile” não estava autorizado. Era ilegal! Mas por que um evento tão “cultural” e “inocente”, como o “baile funk”, não buscou obter seu regular funcionamento junto à Prefeitura (com alvará, apoio dos bombeiros, ambulâncias disponíveis, etc.)?
Se os organizadores do baile tivessem seguido a lei dificilmente as mortes dos jovens teria ocorrido. Não foram os policiais quem assassinaram os 09 jovens e sim seus próprios companheiros de baile. O pisoteamento se deu pelo motivo do local ser absolutamente impróprio para que milhares de pessoas se concentrassem, não existindo um mínimo de estrutura para eventuais casos de emergência.
Claro que, comprovado excesso e/ou erro dos policiais, deverá ser cumprida a lei, entretanto, esse pensamento sensato não advém dos canais de comunicação, que atuam exclusivamente no maniqueísmo ideológico da situação, dividindo-a entre opressores e oprimidos.
Os “bailes funks” são tradicionalmente conhecidos pelo intenso tráfico e consumo de drogas, estupros coletivos, concentração e ocultamento de criminosos, aonde crianças e adolescentes chegam a perder todas as suas garantias legais. É por isso que o “baile” de Paraisópolis/SP não possuía autorização.
Mas esse não é o problema para a mídia tradicional. O problema é um “pingado” de policiais que buscavam prender suspeitos de praticar roubo a mão armada. O problema é a polícia se deparar com um “baile funk” ilegal e se defender quando recepcionada com pedras e tiros. Ora, para que se preocupar com a falta de autorização do evento, o tráfico e consumo de drogas, brigas, roubadores, prostituição infantil, inúmeros trabalhadores que irão acordar às 5h da manhã, a total destruição do comércio local, a obstrução das linhas de transporte público, quando se têm os “bodes expiatórios” (e “truculentos”, claro) que, em regra, dedicam suas vidas pela sociedade?