SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A fintech de crédito rural Agrolend acaba de receber R$ 120 milhões de aporte, dinheiro que será investido na expansão do negócio voltado para produtores médios de todo o país -hoje a startup tem 300 clientes em 11 estados.
Parte do investimento, R$ 80 milhões, foi conseguido em uma rodada série A, termo que batiza a primeira captação para expandir uma empresa após seu modelo de negócio ter sido validado. O fundo focado no Brasil Valor Capital, criado pelo americano Michael Nicklas, liderou a rodada. A Agrolend se junta aos unicórnios Loft, CloudWalk e Gympass, que estão na carteira do grupo.
Os R$ 40 milhões restantes foram por meio de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, exercidos por títulos de crédito) em que participaram Itaú Asset, Verde Asset e Augme.
Fundada em dezembro de 2020, a empresa atua com clientes de propriedades médias. Hoje, os usuários do aplicativo faturam entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões por ano -uma faixa que, segundo acreditam os fundadores, é menos atendida por linhas de crédito. “Eles são pequenos demais para grandes bancos e grandes demais para linhas do Banco do Brasil”, afirma o presidente-executivo da startup, André Glezer.
Há 700 mil potenciais clientes no país, defende André, e para atraí-los, eles usam a velha conhecida agilidade das fintechs.
Para conseguir o crédito, é preciso basicamente preencher um cadastro, passar pela aprovação, assinar o contrato pelo celular, fotografá-lo e “a operação está feita”, diz André.
O diretor financeiro Alan Glezer diz que a empresa já recebeu fotos de pessoas assinando o contrato deitadas na cama em suas casas ou em cima do trator, durante o trabalho.
Para ele, poupar o tempo de um produtor médio ganha uma outra escala, porque diferentemente de uma grande empresa, é o proprietário quem vai até o cartório, depois até o banco e eventualmente tem que passar por esse mesmo caminho novamente quando algo dá errado. “O tempo do agricultor é muito valioso. É ele quem está no comando da propriedade, produzindo”, afirma.
Além de serem donos de propriedades médias, a maioria dos produtores tem mais de 50 anos, um público diferente das fintechs mais conhecidas. Tomate, uva, leite, café, cana-de-açúcar e amendoim são algumas de suas culturas, mas soja e milho seguem sendo o carro-chefe das propriedades, plantações de 40% e 25% dos clientes, respectivamente.
Por enquanto, a empresa iniciante não tem inadimplência, e a tendência, dizem, é a taxa seguir baixa.
“São pessoas que dependem do crédito”, afirma Alan. “Nós não estamos emprestando dinheiro para uma empresa, para um restaurante. Ele não vai sujar o próprio nome a não ser que seja uma situação muito catastrófica.”
Os empréstimos são feitos às pessoas físicas, já que muitos desses produtores não têm uma empresa aberta, e a uma taxa de 1,3% ao mês. O dinheiro não cai na conta, mas financia insumos como sementes e fertilizantes.
“É como se você fosse em uma concessionária de veículos para comprar um carro: você sai da loja com um carro e um crédito do banco Itaú. É o que a gente faz com as lojas agropecuárias”, resume André.
Há três prioridades para o cheque da captação: aumentar a equipe para 50 pessoas –hoje o time tem 15–, bancar mais empréstimos e aprimorar a plataforma, que segundo Alan, “tem que ser perfeita”. “O cliente tem que conseguir fazer tudo via celular”, diz o empreendedor. Eles pretendem crescer 20 vezes a sua base de clientes nos próximos dois anos.
Notícias ao Minuto Brasil – Tech