O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, inaugurou nesta segunda-feira, 1º de novembro, a Cúpula do Clima (a COP-26) em Glasgow, com um apelo para acelerar os esforços contra as mudanças climáticas. “Se fracassarmos, as gerações futuras não nos perdoarão. Elas nos julgarão com amargura – e terão razão”, disse ele a mais de cem chefes de Estado e governo reunidos no evento global para discutir esforços contra o aquecimento global. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, destacou os riscos à Amazônia em sua fala.
O premiê recorreu à figura do “filho mais ilustre da Escócia”, o agente secreto James Bond, para fazer uma analogia entre as aventuras da ficção para salvar o mundo e a ameaça real ao planeta. “Estamos quase na mesma posição que James Bond, exceto que a tragédia não é um filme”, disse. “O relógio está correndo”, alertou.
O líder do Reino Unido foi um dos críticos da falta de um consenso climático mais ambicioso após a reunião das 20 maiores economias do globo (G20), realizada no fim de semana, em Roma. A resistência de China, Índia e Rússia, dentre outros países, impediu que se fixasse um prazo para a neutralidade climática.
Já Guterres destacou que partes da Floresta Amazônica “agora emitem mais carbono do que absorvem”. Em julho, uma pesquisa publicada na revista científica Nature mostrou que a parte sudeste da Amazônia se tornou uma grande fonte de emissão de CO2. “Este é o momento de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, de matar a nós mesmos com carbono, de tratar a natureza como uma latrina e de cavar nossa própria tumba”, disse ele, que também ressaltou os esforços insuficientes dos países até agora.
Antes de Guterres, discursou na COP-26 Txai Surui, jovem ativista de Rondônia que defende o povo Paiter Suruí, na Amazônia. Ela lembrou que a poluição e as mudanças climáticas causam impactos à floresta. “Os rios estão morrendo e nossas plantas não crescem como antes”, disse. Também pediu ações urgentes: “Não é 2030 ou 2050. É agora.”
Sem citar nominalmente o governo do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a ativista também exortou a participação dos povos indígenas nas decisões sobre as o tema e criticou o que chamou de “mentiras vazias” e “promessas falsas”
Bolsonaro ficou de fora da lista de 117 autoridades e chefes de Estado e governo que participam nesta segunda, e terça, 2, da primeira parte do segmento de alto nível da Cúpula do Clima na Escócia. O presidente está Anguillara Veneta, comuna da província de Pádua, terra de seus antepassados, após participar do encontro do G20.
Ele decidiu não ir à Convenção do Clima, argumentando que se tratava de uma “estratégia nossa”. O vice-presidente Hamilton Mourão disse que se Bolsonaro fosse ao evento iriam “jogar pedra” no presidente. A COP-26, no entanto, será um palco político importante para o Brasil, que contará com a participação de governadores e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entre outros.
Apesar disso, o Planalto preparou um vídeo de cinco minutos do presidente para ser exibido a partir das 11 horas (de Brasília). A transmissão, segundo o Ministério do Meio Ambiente, será feita no pavilhão do Brasil, em Glasgow, junto com um espaço montado em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
Depois de Bolsonaro, o ministro Joaquim Leite deve falar ao vivo por 15 minutos. Ele está em Brasília e viajará para Glasgow na semana que vem. O evento virtual paralelo do Brasil já teve início. A primeira transmissão foi do painel “Combate ao desmatamento ilegal”, que contou com um debate de secretários e outros representantes do MMA na Escócia e em Brasília.
O que é a COP-26?
A COP-26, que começou neste domingo e seguirá até o dia 12, discute ações climáticas que possam fortalecer o combate ao aquecimento global com base nas metas do Acordo de Paris, pacto assinado em 2015.
A conferência ocorre em um momento em que eventos climáticos extremos – como secas, inundações e ondas de calor – têm sido cada vez mais frequentes.
O relatório do IPCC, painel intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, mostrou este ano que o planeta deve ficar 1,5ºC mais quente do que na era pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do inicialmente previsto.
Por isso, decisões políticas tomadas pelos líderes ao longo da COP-26 são determinantes para salvar o planeta, mas há grandes desafios para chegar a um acordo. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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