É na quadra que um agente penitenciário e ex-jogador transforma a vida de filhos de pais que estão na cadeia, assim surgiu o Adote 1 Atleta.
O basquete foi para ele um esporte que abriu portas, o levou para conhecer o mundo, um jeito de se manter disciplinado e atento, mas nunca um caminho profissional. Cláudio dos Reis seguiu carreira militar por um tempo e, depois de sete anos, decidiu investir em concursos públicos. As profissões mudaram com o tempo, mas o desejo de fazer mais através do esporte sempre esteve ali.
Foto: Facebook Adote 1 Atleta
Ao se tornar agente penitenciário e pai, sua vida foi transformada com bastante intensidade. O convívio com os detentos e a realidade daqueles muitos filhos que viam os caminhos dos seus pais o único possível, fez com que ele entendesse que tinha chegado a hora de usar o esporte como forma de aproximação com aqueles meninos. “Muitas vezes, eu usava o momento da revista antes da visita para falar sobre o basquete e convidar aqueles garotos”, afirma Cláudio.
O trabalho do Adote 1 Atleta começou aos poucos, os jogos eram na rua, as bolas eram velhas. Cada dinheiro que sobrava era investido em tabelas e acessórios de jogo. Mas, apesar de todas as dificuldades, não faltava força de vontade.
“Quando chegamos a Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, Cláudio fazia quase o impossível para garantir o projeto funcionando. Usava a quadra de uma escola abandonada e, por muitas vezes, ele era o único responsável por mais de 60 crianças em quadra. Era bonito ver que a dificuldade não o impedia de sonhar, ele colocava em prática o discurso de que não precisa esperar ter dinheiro ou estrutura para começar. Ele simplesmente doava tudo que tinha, tudo de si!”, contam Iara e Eduardo, Caçadores de Bons Exemplos.
Eduardo e Iara, os Caçadores de Bons Exemplos, com Cláudio, fundador do Adote 1 Atleta – Foto: divulgação
São 10 anos dedicados ao basquete, que hoje tem um novo significado para a comunidade. Já não é mais um jogo de elite ou uma atividade física. Hoje, jogar basquete é um caminho que leva aqueles garotos para um lugar muito longe das celas e prisões onde Cláudio trabalha.
“Alguns detentos quando cumprem suas penas, vão para a quadra ver seus filhos jogar. Me olham nos olhos e dizem que não cabe em palavras a gratidão que eles sentem. Nem se me oferecessem pagar um alto salário para fazer o que eu faço, eu aceitaria. Isso não tem preço!”, disse o idealizador do projeto.
Hoje, o projeto conquistou um espaço próprio, uma estrutura completa com equipamentos, vestuário, uniforme e tudo que um grande time precisa ter. Mas, mesmo tendo tudo isso, não perdeu o mais importante: a certeza de que com amor e força de vontade, as coisas podem seguir caminhos diferentes e ter um final nada óbvio.
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