SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Arábia Saudita está tomando medidas para evitar no futuro “incidentes lamentáveis” como o assassinato do jornalista Jamal Kashoggi, disse o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MbS) ao presidente americano Joe Biden, de acordo com informações de uma autoridade saudita. MbS chamou de erro por parte dos americanos a prisão de Abu Ghraib na guerra do Iraque.
Na sexta (15), em sua primeira visita ao Oriente Médio como presidente, Biden afirmou a jornalistas ter confrontado o líder saudita sobre o assassinato, tendo dito a ele que acreditava que MbS era pessoalmente responsável pela morte de Kashoggi, que escrevia para o jornal americano Washington Post.
O príncipe herdeiro sempre negou a responsabilidade pela morte do jornalista, assassinado em outubro de 2018 no consulado saudita em Istambul –seus restos mortais nunca foram encontrados.
“No mesmo ano [da morte de Kashoggi], incidentes lamentáveis semelhantes ocorreram e outros jornalistas foram mortos em outras partes do mundo”, disse o príncipe herdeiro, segundo a nota. “Os Estados Unidos também cometeram vários erros, como o incidente da prisão de Abu Ghraib no Iraque e outros.”
O príncipe também mencionou o recente assassinato da jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh durante um ataque israelense na Cisjordânia.
Todos os países ao redor do mundo, especialmente os Estados Unidos e o reino saudita, compartilham valores com os quais concordam e outros com os quais discordam, acrescenta o comunicado do governo saudita. “No entanto, tentar impor esses valores pela força pode ter o efeito oposto, como aconteceu no Iraque e no Afeganistão, onde os EUA não tiveram sucesso”, diz a nota.
Washington vem suavizando sua postura em relação à Arábia Saudita desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no início deste ano, desencadeando uma das piores crises de fornecimento de energia do mundo. O país árabe é o maior exportador global de petróleo.
Cúpula com países do Golfo Neste sábado (16), em uma cúpula com seis países do Golfo mais Egito, Jordânia e Iraque, Biden afirmou que os Estados Unidos continuarão sendo um parceiro ativo e engajado no Oriente Médio e pediu aos líderes reunidos em Jidá, na Arábia Saudita, que vejam os direitos humanos como uma poderosa força de mudança econômica e social.
“Os Estados Unidos estão investidos na construção de um futuro positivo para a região, em parceria com todos vocês –e os Estados Unidos não vão a lugar nenhum”, falou o democrata, no discurso de abertura da cúpula. “Não vamos nos afastar, nem deixaremos um vácuo para que seja preenchido por China, Rússia, ou Irã.”
Também neste sábado, Biden convidou seu colega dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Mohamed bin Zayed Al-Nahyan, para visitar os Estados Unidos antes do final do ano, em um gesto de reaproximação após meses de tensões pela guerra na Ucrânia. Este rico estado do Golfo abriga tropas americanas e é um parceiro estratégico de Washington há décadas, mas seus laços econômicos e políticos com a Rússia são cada vez maiores.
O embaixador dos Emirados Árabes nos Estados Unidos, Yousef al-Otaiba, admitiu em março que as relações com Washington estavam passando por um “teste de estresse”, uma declaração dada depois que os Emirados Árabes se abstiveram, em março, de uma votação do Conselho de Segurança da ONU sobre uma resolução pela retirada russa da Ucrânia.
A cúpula é o último compromisso de Biden na Arábia Saudita. Ele foi ao país na esperança de fechar um acordo sobre a produção de petróleo para ajudar a reduzir os preços da gasolina, que estão levando os preços à maior inflação em 40 anos nos Estados Unidos e derrubando seus índices de aprovação nas pesquisas.
No entanto, ele deve deixar a região de mãos vazias, e disse esperar que seus esforços diplomáticos levem o grupo de países exportadores de petróleo a anunciarem um aumento da produção quando se reunirem, em 3 de agosto. “Estou ansioso para ver o que está por vir nos próximos meses”, afirmou Biden.
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