SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A população mundial que sofre com enchentes aumentou nas últimas décadas e a situação pode piorar ainda mais com as mudanças climáticas já em ação. De 2000 até 2015, entre 255 e 290 milhões de pessoas foram diretamente afetadas por inundações no planeta. A proporção da população da Terra exposta aos alagamentos aumentou mais de 20%, segundo pesquisadores.
Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (4) na revista Nature aponta que, de 2000 a 2015, entre 58 milhões e 86 milhões a mais de pessoas passaram a viver em regiões com exposição a alagamentos.
A partir de imagens de satélite geradas diretamente, os cientistas observaram 913 grandes inundações ocorridas de 2000 a 2018.
Os pesquisadores apontam que estimativas anteriores eram consideravelmente menores, já que usavam modelos, por falta de dados observacionais como os dados de satélite usados no estudo atual.
A pesquisa aponta que houve aumento da proporção da população exposta a enchentes em 70 países, em todos os continentes, o que, mais uma vez, contrapõe-se a estudos anteriores que apontam um crescimento mais localizado em algumas regiões.
A maior parte dos alagamentos –detectados pelos pesquisadores com ajuda de cobertura da imprensa– do período estudado ocorreu na Ásia (principalmente na China e Índia), com 398 eventos identificados. Em seguida, aparecem o continente americano (223), a África (143), a Europa (92) e a Oceania (57).
Manaus é uma das cidades citadas no estudo. Segundo os pesquisadores, apesar de ter havido pouco ou nenhum crescimento populacional nas áreas com inundação na cidade no período em questão, a população exposta a enchentes cresceu.
As informações obtidas na pesquisa podem estar ainda subestimadas. Não foi possível documentar enchentes menores, mas que ainda assim podem ter significativo impacto. Além disso, as imagens de satélite usadas também têm limitações para identificar alagamentos em áreas urbanas.
A visualização por satélite também não foi possível em mais de 2.000 eventos por cobertura persistente de nuvens, por se tratar de inundações-relâmpago ou por serem enchentes em locais com terrenos complexos, como florestas densas, entre outros motivos.
O estudo também provavelmente subestima a população exposta em países com rápida urbanização.
“As projeções das mudanças climáticas para 2030 indicam que a proporção da população exposta a inundações aumentará ainda mais”, afirmam os autores da pesquisa.
Segundo os pesquisadores, a estimativa é que enchentes tenham causado cerca de US$ 651 bilhões (mais de R$ 3,3 trilhões) de danos de 2000 a 2019.
Não computadas no estudo, em julho, inundações de grande porte atingiram a Europa e deixaram mais de uma centena de mortos em países como Alemanha e Bélgica, além de outros milhares de desabrigados.
“É aterrorizante”, disse a primeira-ministra alemã, Angela Merkel.
No mesmo mês, chuvas fortes também atingiram a China, causando grandes inundações na província de Henan. Centenas de mortes foram documetadas. A cidade de Zhengzhou recebeu em três dias a quantidade de chuva próxima do que era esperada para o ano todo, o que provocou danos generalizados em um dos importantes centro logístico da China.
A Índia, também em julho, no período das monções, enfrentou fortes chuvas, alamentos e deslizamentos. Houve mais de uma centena de mortes, mais da metade delas em Raigad, ao sul de Mumbai, no estado de Maharashtra. O local foi atingido pelo maior volume de chuva em julho em quatro décadas, segundo especialistas.
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