SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Netflix fez um apelo ao Conselho de Estado da França, criticando a regra que obriga a plataforma a esperar 15 meses após o lançamento de um filme nos cinemas para ofertá-lo no catálogo de streaming.

 

Devido a uma diretriz, o investimento de uma plataforma -seja ela um serviço de streaming ou canal da televisão- no cinema francês determina seu acesso aos filmes recém-lançados.

Em 2022, a Netflix foi o único serviço de streaming a assinar um acordo de três anos se comprometendo a investir 20% de suas receitas na França em conteúdo local. Com isso, o tempo de espera passou de 36 a 15 meses.

“Enquanto estamos investindo mais do que nunca em filmes lançados nos cinemas na França, nossos membros enfrentam uma espera de 15 meses para assistir ao próprios filmes que ajudaram a trazer na tela”, afirmou a executiva Pauline Dauvin, em uma carta publicada pela revista Variety.

“Nosso pedido é simples e permanece inalterado desde 2022: reduzir a janela para filmes que pré-financiamos”, diz Dauvin, vice-presidente de conteúdo da plataforma.

O investimento anual da plataforma no cinema francês é de EUR 50 milhões (cerca de R$ 334,3 milhões, na cotação atual), o que equivale a 4% da receita local. Mas o investimento total -incluindo filmes lançados para a televisão, séries e documentários- chega a EUR 250 milhões (R$ 1,6 bilhão) por ano.

Segundo o Conselho Nacional de Cinema do país, a Netflix financiou 27 filmes na França em 2024. Em sua carta, Dauvin aponta que, nos últimos quatro anos, a empresa investiu mais de EUR 1,7 bilhão (R$ 11,3 bilhão) na indústria de audiovisual do país, acarretando na criação de mais de 25 mil empregos.

Mas, já que o investimento em filmes destinados ao cinema continua em 4%, sindicatos de cinema do país demandaram que a Netflix elevasse esse percentual.

A Disney+, que investe 25% de seu faturamento francês em conteúdo local e 14% em filmes destinados ao cinema, obteve uma janela de espera de nove meses. A Netflix argumenta, entretanto, que o valor é proporcionalmente maior, mas menor em valor absoluto.

“Hoje, estamos relutantemente tomando uma posição contra um sistema desequilibrado e injusto. Apesar de inúmeras tentativas de encontrar um terreno comum, apresentamos um desafio legal perante o Conselho de Estado em relação às regras de cronologia da mídia da França”, conclui Dauvin.