Kathleen Folbigg passou os últimos 18 anos numa prisão australiana por um dos crimes mais horríveis que se possa imaginar: o assassinato dos seus quatro filhos bebês.
Contudo, novas evidências sugerem que não foi isso que aconteceu. Um teste genético mostra, segundo a CNN, que dois dos bebês morreram, provavelmente, de uma mutação genética, desconhecida no momento do nascimento, e que levou a complicações cardíacas.
Ainda de acordo com a CNN, esta descoberta levou 90 investigadores a pedirem ao governador de New South Wales que perdoasse Kathleen e a deixasse sair em liberdade.
A ser verdade, a australiana passou duas décadas encarcerada injustamente e este poderá ser um dos piores erros judiciais da história do país.
Vida marcada pela tragédia
Desde o início que a vida de Kathleen foi marcada pela tragédia. Quanto tinha 18 meses, o pai esfaqueou a mãe até à morte e cumpriu 15 anos de prisão pelo homicídio até ser deportado para o Reino Unido, de onde era natural.
A partir daí, Kathleen transformou-se numa criança “perturbada” e com problemas comportamentais. De acordo com um médico, que efetuou um relatório para o tribunal sobre a australiana, este tipo reações pode indicar que ela foi abusada pelo pai enquanto era apenas uma bebê.
A morte de quatro filhos
Já no final da década de 80, Kathleen casou-se com Craig Folbigg, que conheceu numa discoteca em Newcastle. Quando ela tinha apenas 21 anos, tiveram o primeiro filho, um menino chamado Caleb.
Contudo, quando o bebê tinha apenas 19 dias, morreu. A causa? Morte súbita infantil. De acordo com os investigadores, havia ausência de evidências de qualquer outra causa.
Pouco depois, Kathleen engravidou e, em 1990, teve Patrick. De acordo com os relatórios médicos, a criança estava “normal e saudável”, mas aos quatro meses, teve um episódio de convulsões que o deixou com danos cerebrais irreversíveis. Aos oito meses, acabou morrendo.
O terceiro filho da australiana, Sarah, morreu aos 10 meses. Assim como Craig, a causa teria sido SMSI, ou seja, síndrome da morte súbita infantil.
Só quando a sua quarta filha, Laura, morreu, aos 18 meses, em 1999, é que a polícia começou a investigar Kathleen.
Desconfiado com as mortes dos filhos, Craig pediu o divórcio. Pouco depois, encontrou um diário de Kathleen onde, segundo o mesmo, havia uma anotação que lhe deu “vômitos”. No dia 19 de maio de 1999, ele deu o caderno às autoridades.
Dois anos depois, no dia 19 de abril de 2001, Kathleen foi acusada de quatro crimes de homicídio, com base nas declarações do pediatra Roy Meadow – “Uma morte súbita é uma tragédia, duas são suspeitas e três são homicídios, até que se prove o contrário” – e no que estava escrito no diário.
“Sinto-me a pior mãe deste mundo, com medo que a Laura me deixe como a Sarah fez. Eu sabia que às vezes era mal-humorada e cruel com ela e ela foi embora, com um pouco de ajuda […]. Não pode acontecer de novo. Estou com vergonha de mim mesma. Não consigo contar ao Craig porque ele não vai querer deixá-la comigo”, teria escrito a condenada.
Apesar de não haver provas concretas de que Kathleen tinha matado os quatro filhos e dela sempre ter negado os homicídios, a australiana acabou sendo condenada a 30 anos de prisão.
Agora, passadas quase duas décadas, com a evolução da ciência, chegou-se à conclusão que uma mutação no gene SCN5A pode provocar a síndrome da morte súbita infantil e que, em 35% dos casos, esta pode ser explicada por fatores genéticos, ou seja, poderia, eventualmente, matar mais do que um filho da mesma mãe.
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