Moradora age rápido e doa centenas de alimentos a famílias que perderam tudo em Petrópolis

Pamela Mércia, 30 anos, é formada em gestão ambiental e cursa biologia pela Universidade Estadual Norte Fluminense. Sua paixão pelo social vem desde pequena: “Sempre fui uma pessoa militante da causa ambiental. Nas minhas redes sociais me posicionei muito, inclusive já atuei em diversas vagas como voluntária em projetos pela causa”.

Foi atuando como voluntária que despertou o interesse pelo universo do terceiro setor. Com o objetivo de atuar na área ambiental, seus esboços de projetos sociais eram pautados na educação do assunto, de forma que as informações revertessem em ações práticas para a comunidade no dia a dia.

Em 2018, Pamela já trabalhava na assistência social da prefeitura da cidade de Petrópolis, realizando projetos socioambientais, experiência que incentivou sua vontade de ter sua própria organização. O projeto surgiu durante a pandemia, após um voluntariado em que participou. Nesse período, Pamela estava com um sentimento de impotência e não sabia como ajudar.

“Desabafando com um amigo sobre as dificuldades e preocupações que a pandemia trouxe, nos lembramos de conhecidos que tiveram suas rendas comprometidas e estavam em situações emergenciais. […] Depois dessa conversa, fiquei muito reflexiva em relação ao futuro dessas famílias e decidi ajudar. Fiz um stories no meu Instagram pedindo doações e foi assim que tudo começou”.

Foto: divulgação

Mesmo com sua garra e força de vontade, muitas vezes era difícil conseguir arrecadar alimentos suficientes para montar as cestas. Também não havia doações financeiras suficientes para distribuí-las. “Eu sabia que sozinha eu não iria conseguir doações suficientes. Pedi ajuda aos meus amigos, uma amiga até disponibilizou um ponto de coleta na sua lanchonete. Com a ajuda deles e da minha família, arrecadamos algumas cestas básicas que doamos para as famílias que nos conheciam e que precisavam desse suporte”.

“Com o tempo comecei a receber mensagens de pessoas contando suas histórias e pedindo ajuda. Eu simplesmente me comprometia a ajudar, mesmo sem saber como. A partir daí direcionei todo meu foco no projeto. Com a ajuda dos meus amigos, eu montava as cestas e levava para os beneficiados com minha prima. Esse começo foi muito difícil, várias vezes achava que não iria conseguir completar a cesta, muitas vezes tive que pegar do meu armário e da minha mãe para incluir nas doações”.

Foto: divulgação

Conforme as famílias contavam suas histórias, Pamela se envolvia cada vez mais com o projeto. Dessa forma, ia entendendo as necessidades da comunidade e auxiliando da melhor forma possível. A equipe de voluntários abraçou o projeto e, mesmo com as dificuldades, eles foram a base para que ele se mantivesse de pé.

As chuvas que assolaram a cidade de Petrópolis em fevereiro de 2022 fez com que o projeto da Pamela tivesse que agir rápido. “A cidade estava um caos. Ao invés de esperar ordens, eu fui e direcionei ações dentro do meu projeto que já estavam rolando. Na primeira semana, eu já tinha 50 voluntários”.

Vamos ajudar o Projeto Todos Juntos Ninguém Sozinho?!

Durante esse período de chuvas, o projeto focou suas forças nas famílias que estavam abrigando pessoas, já que abrigos recebiam muitas doações e futuramente essas famílias seriam esquecidas. As enchentes foram devastadoras para a cidade, e essa ação emergencial foi intensa, emocionalmente e fisicamente. 

Mesmo após três semanas da primeira chuva, os bairros continuam devastados e as doações que chegam ficam presas nos centros de ajuda, não chegando às pontas. As pessoas ainda estão com muito medo e, após a última chuva (20/03), o local da sede do Projeto Todos Juntos Ninguém Sozinho foi afetado e precisa de apoio para sua reconstrução.

Foto: divulgação

“Com as chuvas, muitas doações estão chegando, mas isso não é pra sempre. A vulnerabilidade vai permanecer como realidade durante muito tempo. Por isso, o foco do projeto é emancipar as pessoas a serem recolocadas no mercado de trabalho e ajudar na melhoria da comunidade, envolvendo os moradores em ações socioambientais de cuidado. As comunidades precisam ser acolhidas e ouvidas”.

O projeto, que em 02 de abril completará dois anos de existência, já ajudou mais de 600 famílias, doou mais de 4.000 cestas, incluindo fraldas, leite, produtos de higiene pessoal, limpeza, roupas, calçados e brinquedos. Faça parte dessa história, ajude doando aqui. 

Texto por: Gabriela Pilla

Revisão: Aline Naomi

SOCIAL – Razões para Acreditar