BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), confirmou nesta quinta-feira (10) que o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas (MA), será o novo ministro das Comunicações do governo Lula (PT).
O deputado pediu para assumir o cargo após o feriado da Páscoa, quando deve sair oficialmente sua nomeação. De acordo com a ministra, ele solicitou o período para encaminhar questões pessoais e relativas à liderança da bancada. Até lá, assume interinamente a secretária-executiva do ministério, Sônia Faustino Mendes.
“O União Brasil apresenta o nome do Pedro Lucas para substituir o ministro Juscelino nas Comunicações. O presidente aceitou e fez um convite também ao líder para assumir, o Pedro Lucas. O Pedro Lucas só pediu até depois da Páscoa para assumir o ministério, porque ele tem que encaminhar umas questões pessoais de mandato e em relação à liderança da bancada. E nesse interregno vai assumir interinamente a secretária-executiva”, afirmou Gleisi.
O anúncio ocorreu após o presidente se reunir com o deputado, Gleisi, o ministro Rui Costa (Casa Civil), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ex-ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA).
Pedro Lucas é da ala governista do União Brasil e foi presidente da Agência Executiva Metropolitana durante a gestão Flávio Dino no Governo do Maranhão. Em seu segundo mandato na Câmara, assumiu a liderança da legenda na Câmara neste ano. Ele é considerado o parlamentar mais próximo do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda.
Ele entra no lugar de Juscelino, que deixou a Esplanada na terça-feira (8), após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), sob acusação de corrupção passiva e de outros crimes relacionados a suposto desvio de emendas. Juscelino reassumiu o mandato de deputado federal no mesmo dia em que deixou o Executivo.
A escolha de Pedro Lucas, no entanto, rachou o partido, que é dividido entre uma ala oposicionista e outra mais governista. De um lado, integrantes da legenda defendiam um maior distanciamento do Executivo, já de olho em 2026 -no começo do mês, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lançou sua pré-candidatura à Presidência.
Esses integrantes do partido também avaliavam ser ruim um nome tão ligado a Rueda integrar o governo formalmente. Além das Comunicações, o União Brasil tem indicações nas pastas do Turismo e do Desenvolvimento Regional.
Além disso, deputados colocavam dúvidas sobre a ida do líder para o ministério por acreditar que isso poderá gerar dificuldades em disputa pelo cargo da liderança partidária na Câmara. Isso porque o processo que levou o deputado ao cargo de líder se arrastou por três meses diante da falta de consenso em torno de seu nome.
Alcolumbre defende o nome de Juscelino para o posto, mas o ex-ministro não tem apoio suficiente entre os colegas de partido. Desde terça-feira, com a saída de Juscelino, integrantes do União Brasil participaram de uma série de reuniões para definir quem será o novo líder -mas ainda não há um nome definido.
Um aliado de Pedro Lucas reconhece que haverá dificuldades para criar consenso em torno de um novo líder da bancada, mas diz que depois de declaração pública de Lula sobre o parlamentar seria difícil reverter a indicação dele para a Esplanada.
Para construir o novo acordo sobre a liderança, o governo permitiu que o novo ministro tome posse apenas depois da Páscoa. Entre os favoritos para sucedê-lo na liderança está o deputado Moses Rodrigues (CE).
Pesou na escolha por entrar no governo a vontade do parlamentar de se tornar ministro de Lula, o que ampliará o prestígio em sua base eleitoral, o Maranhão, estado onde o petista é apoiado pela maioria da população. O cargo também pode projetá-lo para uma disputa ao Senado.
Em 2022, ele recebeu quase 160 mil votos, sendo o segundo mais votado do estado. Antes do Congresso Nacional, foi vereador da capital maranhense por outros dois períodos, à época filiado ao PTB (hoje PRD).
Na quarta-feira (9), ao ser questionado durante sua visita oficial a Honduras, Lula citou o nome do deputado como a primeira opção para o ministério, afirmando que se reuniria com o União Brasil para discutir a possível nomeação de Pedro Lucas.
“O União Brasil tem o direito de me indicar um sucessor para o Juscelino, que é do União Brasil. Eu já tenho um nome, eu conheço o Pedro Lucas, amanhã de manhã eu vou conversar com o União Brasil e, se for o caso a gente discute a nomeação dele”, afirmou Lula.
Recentemente, o líder do União Brasil integrou comitiva presidencial para acompanhar o presidente da República em missão ao Japão e ao Vietnã -ele participou, inclusive, de reuniões mais reservadas com o petista na viagem. De acordo com aliados de Lula, o petista gostou do deputado. Há também uma avaliação positiva da atuação dele à frente da liderança do partido entre parlamentares governistas.
O afastamento de Juscelino da chefia do ministério foi uma promessa de Lula após a Polícia Federal ter concluído, em junho de 2024, que o ministro integrou uma organização criminosa. Na época, o presidente afirmara que o afastaria caso ele fosse denunciado.
Mais cedo, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e o ministro do Esporte, André Fufuca -ambos do PP também estiveram no Palácio da Alvorada. No entanto, Gleisi afirmou que os dois não participaram da reunião com o novo ministro e que não foi discutido sobre o espaço do PP na reforma do governo.
Questionada sobre a assinatura de deputados de partidos da base do governo em apoio ao projeto que pede a anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro, Gleisi disse acreditar que há muitos parlamentares “desavisados” sobre o tema do projeto.
“Eu confio muito na palavra do presidente Hugo Motta, de que esse projeto não irá a voto, até porque se for, cria uma crise institucional, como ele mesmo disse. Eu acho que as assinaturas que alguns parlamentares estão fazendo dos partidos, tem muitos que estão até desavisados sobre o conteúdo do projeto”, afirmou.
“[Alguns] querem realmente uma mediação com aquelas penas para quem participou daqueles atos de 8 de janeiro, mas o projeto que está lá, vou repetir aqui, é um projeto que dá anistia ao Bolsonaro e aos generais. Isso não está explicitado, quando a gente fala com alguns parlamentares.”