Dos panos às panelas, dos produtos de limpeza aos orgânicos. Foi assim que uma reviravolta deliciosa aconteceu na vida de Cleunice Maria de Paula, a famosa Tia Nice, do Campo Limpo (SP), atual dona do restaurante orgânico mais amado da região.
A empreendedora teve seu primeiro contato com a comida orgânica aos 17 anos, quando trabalhou em um restaurante no Itaim Bibi. Depois disso, abandonou sua paixão pela cozinha para se dedicar aos filhos. Foram mais de 20 anos trabalhando 7 dias por semana entre a faxina e os serviços como manicure.
E foi com muita batalha que, aos 52 anos de idade, Tia Nice idealizou o Organicamente Rango, com a ajuda de seu filho Thiago Vinícius. Aliás, antes disso, até se aventurou em comandar seu próprio bar em Ilha Comprida, cidade localizada no extremo sul do Litoral Paulista. Mas, graças ao Thiago, que já tinha a ideia de trabalhar com orgânicos na comunidade, esta guerreira vendeu seu bar e partiu de mala e cuia para Campo Limpo, zona sul de São Paulo, onde o Organicamente Rango iniciou seus trabalhos no finalzinho de 2019.
Assim que o negócio começou, um problema atípico bateu às portas do restaurante da dupla de empreendedores: a pandemia do novo coronavírus. E, infelizmente, eles tiveram que fechar o local. “Foi muito triste. Todo mundo chorou”, lembra Tia Nice. Mas, graças a ajuda de amigos, fornecedores e clientes de toda a comunidade, ainda existia uma luz no fim do túnel.
Rapidamente a cozinha recebeu inúmeras doações, cestas básicas e caminhões de ingredientes, e todos os produtos viraram marmitas. Foram mais de 20 mil quentinhas e 10 mil cestas básicas distribuídas para famílias em favelas da zona sul de São Paulo.
Enquanto a quarentena ia se afrouxando, o Organicamente Rango recebia novamente o público de forma presencial, e desta vez com uma novidade: serviços de delivery. Hoje, funcionando em Campo Limpo, Capão Redondo, Butantã e Santo André, as entregas do restaurante continuam a todo vapor.
Ainda para 2021, a entrega de mais de 16 mil marmitas já está prevista. “Uma pessoa ligou aqui e doou cem marmitas por dia até o fim de outubro. Ela não se revelou. Mas, com o dinheiro, a gente prepara duas quentinhas por família, com arroz, feijão, farofa e dois tipos de legumes cozidos”, conta Tia Nice. Além disso, mãe e filho já tem planos para o fim da pandemia: dar aulas de gastronomia para jovens da comunidade, em parceria com a ONG carioca Gastromotiva.
Isso sim é o que chamamos de receita de sucesso 👏🍲
Fonte: Folha de S. Paulo
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