O governo dos Estados Unidos passou a cobrar tarifas sobre pequenas encomendas vindas da China — medida que afeta diretamente plataformas como Shein e Temu. A nova regra entrou em vigor nesta sexta-feira (2), em cumprimento a uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump em 2 de abril.
Com isso, foi encerrada a isenção de impostos para compras de até 800 dólares. Agora, essas encomendas passam a ser tarifadas em 30% do valor declarado ou em 25 dólares por item. A partir de 1º de junho, a cobrança sobe para 50 dólares por item.
Segundo dados do governo norte-americano, os Estados Unidos receberam mais de 1,3 bilhão de encomendas isentas em 2024 — número muito superior aos 139 milhões registrados em 2015. Atualmente, a Alfândega processa, em média, mais de quatro milhões dessas remessas diariamente.
A Casa Branca defende a mudança como parte de um esforço para enfrentar o tráfico de opioides sintéticos oriundos da China, classificando-a como um “passo fundamental” contra a crise de saúde pública.
Por outro lado, a medida gerou forte reação de Pequim. A Federação Chinesa da Indústria Leve afirmou que a decisão prejudica a ordem comercial entre os dois países e impacta gravemente consumidores — inclusive os americanos.
No dia 16 de abril, os Correios de Hong Kong suspenderam o envio de mercadorias para os Estados Unidos, acusando o governo norte-americano de impor taxas “abusivas”. “Não cobraremos nenhuma tarifa em nome dos EUA. O envio de produtos foi suspenso”, afirmou o comunicado. Remessas contendo apenas documentos continuam liberadas.
Autoridades chinesas, incluindo membros do Partido Comunista e representantes dos governos de Hong Kong e Macau, também criticaram a decisão, alegando que os EUA estariam tentando “sabotar” a economia chinesa com medidas protecionistas.
Até o momento, os Correios de Macau não se pronunciaram sobre a possibilidade de seguir os mesmos passos de Hong Kong.
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