Em eleição marcada por alta rejeição no Peru, líder pode ficar fora da disputa

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O ex-goleiro do Alianza Lima George Forsyth, 38, que liderava as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais no Peru, está com um pé fora do campo da disputa. Isso porque sua candidatura foi excluída, em primeira instância, pelo tribunal eleitoral, por irregularidades na apresentação de seu patrimônio.
Cabe recurso da decisão, e Forsyth alega que se trata de uma “guerra suja” e de “perseguição política”.

“Os líderes da velha política e a mídia diziam que íamos cair nas pesquisas há um ano. Não caímos e mantivemos o primeiro lugar. Então, agora, de forma fraudulenta, querem nos tirar da disputa. Vamos apelar e estamos na eleição ainda”, afirmou em entrevista ao jornal El Comercio.

Avesso a debates e a conversar com a imprensa, Forsyth tem preferido usar as redes sociais para fazer campanha. O TikTok é uma de suas preferidas, em posts em que joga futebol com crianças, brinca com seu cachorro e ensaia a dancinha dos Oompa-Loompas, os funcionários da “Fantástica Fábrica de Chocolates”. Depois de sua inabilitação eleitoral, porém, tem falado com os principais meios de comunicação, para expôr seu repúdio ao tribunal eleitoral.

Forsyth não se diz “nem de direita e nem de esquerda” e se apresenta com a típica fórmula do “outsider”, que quer gerir o país com técnicos e diretamente com o povo, sem associar-se a partidos tradicionais.

Em termos morais, apresenta-se como conservador -é contra o casamento homossexual e o aborto.

Sua figura cresceu muito no último ano em que o Peru mergulhou numa crise de instabilidade política, com o Congresso e o Executivo se inviabilizando mutuamente, o que levou à queda do então presidente Martín Vizcarra, e de seu sucessor direto, Manuel Merino de Lama, até que o país chegou a seu quarto presidente num só mandato: Francisco Sagasti.

A pesquisa mais recente do instituto Ipsos sobre as eleições de abril aponta para um primeiro turno em que o desânimo em escolher um candidato é protagonista -o voto é obrigatório no país. Entre os 18 candidatos (incluindo Forsyth), 6 não chegam a alcançar 1% entre os eleitores.

O líder ainda é Forsyth, com 11%, seguido pelo centro-direitista Yonhy Lescano (Ação Popular), com 10%. Empatadas atrás deles estão a direitista Keiko Fujimori, a filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que vai para sua terceira tentativa de disputar o cargo, com 8%, e a esquerdista Verónika Mendoza, também candidata em 2016.

Keiko Fujimori também está respondendo a processos por corrupção, um deles refere-se à acusação de ter recebido caixa 2 da Odebrecht quando disputou a eleição de 2011.

Os levantamentos com eleitores mostram também uma forte rejeição aos concorrentes -o chamado “antivoto” (definitivamente não escolheria o candidato) vai de 43% a 72% para oito deles.

Também a imagem do presidente Sagasti vem se deteriorando desde que assumiu, com a promessa de dar algo de estabilidade ao país até as eleições. Quando assumiu, em novembro, tinha 44% de aprovação. Hoje, são 38%.

O mais provável é que haja um segundo turno, em junho, em data ainda a ser confirmada, entre os dois que conseguirem melhorar em algo seu desempenho até aqui.

O Peru tem sido o país mais atingido pelo coronavírus na América do Sul quando se leva em conta a mortalidade por número de habitantes. Até esta terça-feira (2), acumula 1.332.939 casos e 46.685 mortes.

Após semanas de crises por falta de oxigênio em algumas cidades, a curva de contágios do país se encontra há alguns dias estabilizada. O governo vem reabrindo o comércio e algumas atividades, porém, o país segue com duras restrições de mobilidade. A fronteira com o Brasil, por exemplo, está fechada por conta das novas variantes encontradas no país.

A economia será o maior desafio para o próximo presidente, pois o país também é o que tem a maior projeção de queda do PIB para este ano, segundo a Cepal, de 14%.

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