ALEXANDRE ARAUJO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O semáforo fechou e Luiz Calixto aproveitou a fileira de carros para oferecer balas e paçocas aos motoristas. Quem estava em um dos veículos era Léo Butija, técnico da seleção brasileira de tênis em cadeira de rodas, que observou o jovem e resolveu lhe fazer um invitação. Em janeiro, quase três anos depois daquele encontro, o brasílio colocou um troféu do Cândido da Austrália na prateleira.
“Pelo retrovisor, ele reparou que eu mancava e viu a possibilidade de me colocar no tênis em cadeira de rodas. Nesse dia, o sinal abriu, ele teve de andejar com o coche e fez o retorno, mas eu não estava mais lá. Quando eu ia vender projéctil, se não dava claro em um lugar, eu já ia para outro. Umas duas semanas depois, ele me viu em uma avenida, perto de um sinal. Parou, conversou e pegou o telefone da minha mãe. No sábado seguinte, eu estava no clube”, disse Luiz Calixto.
Luiz, de 17 anos, nasceu com pseudoartrose (a perna direita é menor que a esquerda), e o trabalho informal nas ruas de Belo Horizonte ajudava no sustento da família, juntamente ao salário que a mãe ganhava uma vez que faxineira — ele tem ainda um irmão que hoje tem 7 anos e uma mana de 19. “Sempre passamos dificuldade. Portanto, tinha de dar um jeito, passar detrás. A projéctil e paçoca foi um jeito de levar um pouco mais de grana pra moradia”.
“Quando olhei no retrovisor, vi que ele estava mancando. Achei que era uma perna engessada, só depois que eu vi que era uma prótese. O levamos para quadra, e tudo aconteceu de uma forma muito rápida”, relembra Léo.
O jovem chegou ao Butija Social Esporte e Cultura sem conhecimento qualquer de tênis em cadeira de rodas, e os primeiros contatos com a modalidade foi uma vez que catador de bolinhas. Mas logo começou a treinar nas horas livres, e superou os obstáculos iniciais.
“A intenção dele era me tirar da rua, nem era para me trazer para o eminente atendimento. Comecei a trabalhar lá e passava o dia inteiro . Depois de um mês, mais ou menos, quis transpor e fui parando de ir, Depois de um tempinho, houve uma viagem para competição que acabei não indo e, a partir disso, comecei a focar e ter uma disciplina, um compromisso com o tênis”, comenta Luiz Calixto.
Em 2023, no Parapan de Jovens de Bogotá, o mineiro levou três medalhas: o ouro nas duplas mistas, a prata nas duplas masculinas e bronze no Individual. Agora, na Austrália, conquistou o primeiro Grand Slam -chegou ao topo do pódio nas duplas, ao lado de Charlie Cooper, dos Estados Unidos.
“Eu ainda estou meio que em choque, desconceituado. Não era claro de eu ir [para a competição] por pretexto do ranking. Quando virou o ano e ficamos sabendo que eu ia foi uma coisa louca. Não estava esperando. Pensei: ‘Porquê assim? Quase não estive cá e acabei levando o título’. Ainda estou sonhando”, disse Calixto.
“Ele virou o número 5 do mundo, conseguiu a classificação e fez esse resultado maravilhoso. Todo mundo ficou impressionado com a evolução dele do último ano para cá. Fez jogo duro contra os adversários na Austrália e está aí, de vendedor de paçoca a vencedor de Grand Slam em dois anos e meio”, disse Léo Butija.
O Cândido da Austrália, para além de um importante título no currículo, se tornou um divisor de águas para Luiz.
“É um empurrão. Principalmente para mim, que estava meio que desconceituado que ia. Conseguir ir e ainda conseguir trazer um título, é um ‘vai lá que tem mais fruto para transpor’. [O título] É bom, simples, pela visibilidade, mas, o tempo todo, o Léo está falando o que tem de fazer, o que tem de permanecer de olho. É voltar para a quadra e continuar treinando pesado, porque título não ganha jogo. É treinar intensamente e dobrado”, afirma Luiz Calixto.
O ciclo que está um curso ainda tem competições que Luiz almeja participar -e por que não conquistar-, e não esconde o sonho de se qualificar para as Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. Paralelamente a isso, o jovem de 17 anos também indica que quer fazer faculdade, mas ainda não sabe se vai tentar ingressar ainda oriente ano.
“Tenho de estudar e procurar fazer uma faculdade porque, no tênis em si, a curso é curta. No sumo, uns 15 anos, portanto, tem de ter um planejamento horizonte. Provavelmente, vai ser alguma coisa voltada para o esporte. Talvez, ensino física”.
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