SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar reverteu as perdas de mais cedo desta sexta-feira (3) e passou a subir, em meio a preocupações dos investidores com o cenário extrínseco e com as contas públicas do Brasil.

 

Às 14h46, a moeda norte-americana avançava 0,29%, cotada a R$ 6,180, em sessão ainda de baixa liquidez por conta do feriado de Ano Novo. Já a Bolsa tinha possante queda de 1,05%, aos 118.855 pontos, pressionada pela queda de 2,30% da Vale e de mais de 1% dos papéis da Petrobras.

Em dia de agenda esvaziada de dados econômicos, o mercado se volta para o exterior, sobretudo para China e Estados Unidos.

A economia chinesa voltou a inspirar preocupação entre os agentes financeiros. A maior importadora de commodities do mundo tem enfrentado dificuldades nos últimos anos devido a crises imobiliárias, subida dívida do governo e demanda fraca de consumo.

As exportações, um dos poucos pontos positivos, podem ainda ser afetadas por uma guerra mercantil com os EUA no novo governo de Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro e prometeu, enquanto ainda era candidato, aumentar tarifas em 20% para produtos chineses.

O governo da China tem se movimentado para tirar a economia da estagnação com medidas de incitação fiscal. Conforme anunciado nesta sexta-feira, o país aumentará o financiamento de títulos do tesouro ultralongos em 2025 para estimular o investimento empresarial e o consumo interno.

Os títulos especiais do tesouro serão usados para financiar atualizações de equipamentos em larga graduação e trocas de bens de consumo, disse Yuan Da, secretário-geral anexo da NDRC (Percentagem Vernáculo de Desenvolvimento e Reforma), em entrevista coletiva.

“O tamanho dos fundos de títulos públicos especiais ultralongos será aumentado drasticamente nascente ano para intensificar e expandir a implementação das duas novas iniciativas”, disse Yuan.

De contrato com o programa lançado no ano pretérito, os consumidores podem trocar carros ou eletrodomésticos antigos e comprar novos com desconto, e um programa separado subsidia atualizações de equipamentos em larga graduação para empresas.

As famílias também terão recta a subsídios para comprar três tipos de produtos digitais nascente ano, incluindo telefones celulares, tablets, relógios e pulseiras inteligentes, disse Yuan.

Mas, se por um lado há expectativa de que as medidas de incitação do governo impulsionem a economia, por outro há temores de que algumas ações, porquê cortes nas taxas de juros, possam desvalorizar o iuan, o que também seria um fator de pressão para moedas emergentes.

Por ser a maior consumidora de commodities do mundo, o desempenho da moeda e da economia chinesas afeta a atividade de países de possante tarifa exportadora, porquê o Brasil. Com isso, o minério de ferro caiu 2,18% em Dalian, puxando as ações da Vale, na B3, para queda de 2,50%.

A economia dos Estados Unidos também está no radar dos investidores, principalmente os possíveis impactos do novo governo Trump na política monetária do Fed (Federalista Reserve, o banco mediano norte-americano).

As promessas de aumentar tarifas e fazer deportações em tamanho “são consideradas inflacionárias e zero triviais”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Vão forçar o Fed a manter juros altos e eventualmente até subir a taxa, o que pode tarar ainda mais no dólar.”

Os juros norte-americanos estão atualmente na filete de 4,25% a 4,5%, depois de um galanteio de 0,50 p.p. e outros dois de 0,25 p.p no último semestre. As previsões de uma inflação acelerada com Trump, somadas a dados econômicos mais benignos, fizeram a mando monetária sinalizar um ritmo mais lento de flexibilização no próximo ano.

A economia dos EUA é considerada a mais segura do mundo e, em tempos de juros altos, é generalidade que investimentos saiam de outros países e sejam dirigidos para lá. Isso fortalece o dólar e enfraquece mercados de maior risco, porquê os emergentes e os de renda variável.

Por cá, as perspectivas para o cenário fiscal brasílico continuam sendo o principal foco do mercado neste início do ano. Os receios com o estabilidade das contas públicas do país foram um dos principais motivos para a disparada do dólar em 2024, que acumulou subida de 27% em relação ao real.

Ao todo, 2024 registrou um fluxo cambial negativo de US$ 15,918 bilhões, a terceira maior saída líquida anual de dólares do país na série história do BC (Banco Mediano) iniciada em 2008. Os dados ainda são preliminares, até o dia 27 de dezembro.

O resultado só perde para os registrados em 2019 e 2020, quando as saídas líquidas foram de US$ 44,768 bilhões e US$ 27,923 bilhões, respectivamente.
Para os agentes financeiros, o governo tem vestido gastos crescentes com receitas pontuais, o que ameaço a longevidade do busto fiscal.

A pressão é por mais cortes nas despesas. No último dia de plenário, 20 de dezembro, o Congresso Vernáculo aprovou uma série de medidas de contenção de gastos apresentadas pelo Executivo no final de novembro.

A estimativa do Ministério da Rancho era de uma economia de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026. Mas o pacote foi enfraquecido na tramitação, e cálculos iniciais estimam que até R$ 20 bilhões da conta original vão deixar de ser poupados.

Os parlamentares blindaram emendas obrigatórias contra bloqueios, afrouxaram o comando para combater supersalários, derrubaram boa secção das mudanças no BPC (Benefícios de Prestação Continuada) e excluíram a medida que permitiria à União reduzir os repasses futuros ao FCDF (Fundo Constitucional do Província Federalista). Eles ainda restringiram a flexibilização em recursos repassados ao Fundeb (Fundo Vernáculo da Ensino Básica).

O mercado já serpente por mais ajustes fiscais, e o ministro Fernando Haddad (Rancho) afirmou que há espaço para outras contenções.