SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar ficou praticamente inabalável nesta quinta-feira (13) e encerrou o dia cotado a R$ 5,766, em ligeiro variação positiva de 0,07%.

 

A sessão foi de volatilidade, com a moeda tocando R$ 5,799 na máxima e R$ 5,756 na mínima durante o período de negociações. Já a Bolsa teve subida de 0,37%, aos 124.850 pontos.

O movimento nos mercados foi puxado, principalmente, pela política tarifária do presidente norte-americano, Donald Trump, que assinou nesta tarde a ordem de implementação de tarifas recíprocas. A medida mira países que praticam impostos sobre produtos norte-americanos e também as chamadas barreiras não tarifárias.

As tarifas serão impostas “país por país” posteriormente estudos, começando pelos países com os quais os EUA têm o maior déficit mercantil. O secretário de Transacção, Howard Lutnick, afirmou que os estudos devem estar prontos até dia 1º de abril.

Os mercados globais viram com bons olhos o prazo apresentado pelo republicano. Os temores eram de implementação imediata, que poderia acirrar riscos de uma guerra mercantil ampla. Com isso, o dólar teve queda em relação a diversas praças acionárias, entre moedas fortes e emergentes.

Em relação ao Brasil, o memorando que chancela a reciprocidade tarifária menciona o etanol do país entre os produtos que terão encargos maiores.

“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de somente 2,5%. O Brasil, por outro lado, serpente uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Uma vez que resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões de etanol brasílio e exportaram somente US$ 52 milhões de etanol para o Brasil”, afirmou Trump durante a entrevista coletiva.

Na estudo de Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, outros produtos brasileiros podem estar na mira do governo norte-americano.

“Alguns estudos mostram que, realmente, o Brasil tem uma tarifa elevada para produtos americanos, enquanto os EUA têm tarifas menores para produtos brasileiros. Alguns segmentos são: minério de ferro, aço, carnes, etanol, moca, o que eles chamam de ‘food preparation’. O Brasil deve suportar algumas imposições em relação a esses produtos.”

Na entrevista coletiva, Trump afirmou que a política “traz a justiça de volta” aos negócios do país. “Queremos um campo de jogo equilibrado”, disse, acrescentando que uma eventual retaliação por secção das economias afetadas não seria efetiva por razão da política de reciprocidade.

“Se nos impuserem uma tarifa ou imposto, nós imporemos exatamente o mesmo nível de tarifa ou imposto, é simples assim.”

A reciprocidade tarifária segue a esteira de outras medidas já adotadas pelo republicano desde que assumiu o função, em 20 de janeiro.

Na segunda, ele confirmou que irá impor, a partir de 4 de março, tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio que chegam ao país. Ele também cancelou isenções e cotas para grandes fornecedores porquê Brasil, Canadá, México e outros países.

Na semana passada, aplicou tarifas de 10% a produtos da China e de 25% sobre México e Canadá -esta última suspensa até o início do próximo mês, posteriormente combinação com os dois vizinhos.

O “tarifaço”, além de estimular uma guerra mercantil ampla, tem o potencial de encarecer o dispêndio de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a combate do Fed (Federalista Reserve, o banco meão dos EUA) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.

“Há projeções de um impulso inflacionário no pequeno prazo por conta dessas tarifas, o que pode não só afetar a política monetária do Fed, mas também prejudicar o desenvolvimento econômico dos parceiros comerciais americanos”, diz Leonel Mattos, comentador de Perceptibilidade de Mercado da StoneX.

“Isso favoreceria ainda mais os investimentos nos Estados Unidos, que, além de tudo, são considerados um porto seguro em momentos de incerteza.”

Na véspera, dados de inflação supra do esperado em janeiro inspiraram cautela entre os investidores. O CPI (índice de preços ao consumidor, na {sigla} em inglês) subiu 0,5% na base mensal e 3% na anual. A projeção de economistas consultados pela Reuters era de 0,3% e 2,9%, respectivamente.

O oferecido reforça a mensagem do Fed de que não há pressa em retomar o ciclo de atraso da taxa de juros -e reduz as expectativas sobre o número de cortes. Operadores já precificam a possibilidade de somente uma redução neste ano, e não duas, porquê anteriormente previsto pelo banco meão dos EUA.

Em oração na Câmara dos Deputados, o presidente do Fed, Jerome Powell, fez um alerta sobre dar prestígio demais aos dados desta quarta.

“Nós não nos empolgamos com uma ou duas leituras boas, e não nos estimulamos com uma ou duas leituras ruins. Temos porquê meta a inflação do índice PCE porque achamos que é simplesmente um indicador melhor da inflação. Portanto, é preciso saber a conversão do índice de preços ao consumidor para o índice PCE, e teremos mais dados sobre isso com o índice de preços ao produtor”, argumentou.

A inflação ao produtor também veio supra das expectativas nesta quinta. O índice subiu 0,4% no mês pretérito e 3,5% nos 12 meses até janeiro, diante de expectativa de 0,3% e 3,2%, respectivamente.

A leitura ofereceu mais evidências de que a inflação está voltando a correr e fortaleceu a visão sobre um ritmo mais lento de cortes pelo Fed.

Aliás, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, sugerindo que o mercado de trabalho permaneceu inabalável no início de fevereiro.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 7.000, para 213 milénio com ajuste sazonal, na semana encerrada em 8 de fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam 215 milénio pedidos para a última semana.