SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar teve queda de 0,29% nesta terça-feira (11) e encerrou o dia cotado a R$ 5,767, menor cotação para a moeda norte-americana desde o dia 19 de novembro do ano pretérito. Já a Bolsa subiu 0,75%, aos 126.521 pontos, com os papéis do Carrefour Brasil entre os destaques do pregão.

 

O dia foi embalado pela confirmação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá impor tarifas sobre as importações de aço e alumínio que chegam ao país. Internamente, os investidores repercutiram os dados de inflação medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Vasto), que endossaram projeções de subida na taxa Selic.

Trump confirmou a prenúncio de domingo (9) e ordenou um aumento sumoso nas tarifas sobre as importações de aço e alumínio. Ele também cancelou isenções e cotas para grandes fornecedores porquê Brasil, Canadá, México e outros países, em uma medida que pode aumentar o risco de uma guerra mercantil em várias frentes.

Ele assinou medidas que elevam a tarifa sobre as importações dos produtos para 25%. A sobretaxa sobre o alumínio é maior que os 10% anteriores que ele impôs em 2018 para ajudar o setor nos Estados Unidos.

Produtos semiacabados de aço estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA. São materiais intermediários da siderurgia, que precisam ser processados para se tornarem produtos finais. Eles são utilizados porquê matéria-prima para a fabricação de itens porquê chapas, perfis, tubos e outros produtos.

O Brasil é o segundo maior fornecedor dos Estados Unidos na categoria. Segundo dados do governo americano, o país só perde para o Canadá em volume.

Uma poder da Mansão Branca confirmou que a política entrará em vigor em 4 de março. Trump também tem repetido que anunciará reciprocidade tarifária nesta semana. A medida -uma das promessas do republicano durante a campanha eleitoral- visa igualar as tarifas de importação dos Estados Unidos às cobradas pelos parceiros comerciais sobre produtos norte-americanos.

Trump não identificou quais países seriam afetados, mas sugeriu que seria um esforço largo que também poderia ajudar a resolver os problemas orçamentários dos EUA.

O aumento sumoso nas tarifas tem o potencial de encarecer o dispêndio de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a recontro do Fed (Federalista Reserve, o banco meão dos EUA) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.

“O saldo dessa medida deve ser uma pressão inflacionária no limitado prazo nos Estados Unidos, visto que o aço e o alumínio são bastante utilizados em várias cadeias de produtos industriais, e de prejuízo na capacidade de incremento econômico dos demais países exportadores”, avalia Leonel Mattos, exegeta de Lucidez de Mercado da StoneX.

“Esse envolvente é de mais aversão ao risco, o que favorece o dólar, a moeda porto seguro em momentos de estresse, e deve levar o Fed a atuar de maneira um pouco mais firme na política monetária.”

O dólar, no entanto, não apresentou ganhos firmes nesta sessão, tanto em relação a moedas fortes quanto emergentes. Segundo analistas, segmento do efeito do proclamação de Trump já foi precificado na sexta, quando ele sinalizou pela primeira vez sobre a possibilidade de impor as tarifas recíprocas.

“Isso não gerou a aversão ao risco esperada ontem, porque segmento do processo já havia ocorrido na sexta-feira”, disse Matheus Spiess, exegeta da Empiricus Research.

Analistas também apontam para a mudança de percepção dos mercados quanto às ameaças tarifárias, que agora são vistas muito mais porquê uma tática de negociação do que uma medida de médio ou longo prazo.

Em oração nesta terça, Jerome Powell, presidente do Fed, não quis comentar sobre as políticas tarifárias do governo Trump, mas reconheceu que há questões na frente mercantil.

“Não é função do Fed fazer ou comentar sobre a política tarifária”, mas sim levar em conta as novas políticas e reagir de convenção, disse.

Ele também reiterou que a economia dos EUA está poderoso e progredindo em direção às metas da poder monetária, com uma taxa de desemprego de 4% considerada próxima ao nível de pleno trabalho e a inflação ainda mais de 0,5 ponto percentual supra da meta de 2% do Fed.

“Não precisamos ter pressa para ajustar nossa postura de política monetária. Sabemos que reduzir a restrição da política monetária muito rápido ou de forma muito intensa pode prejudicar o progresso na inflação”, disse Powell.

Já na ponta brasileira, a inflação desacelerou em janeiro. O IPCA subiu 0,16% em relação a dezembro, levemente inferior da mediana da expectativa de economistas consultados pela Bloomberg, de 0,17%.

Esta é a menor marca para um mês de janeiro desde o início do Projecto Real, em 1994. Em dezembro, o índice teve subida de 0,52%, o que representa uma desaceleração de 0,36 ponto percentual do IPCA.

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 4,56%, ainda supra do teto da meta do Banco Meão, de 4,5%, mas inferior da expectativa de 4,58%.

O oferecido, na estudo de Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos, não trouxe nenhuma surpresa para o mercado -mas ainda é um cenário “preocupante” considerando a margem de atuação do BC (Banco Meão) com a taxa Selic, cuja principal função é controlar a inflação.

“Quando olhamos para as políticas internas, o aumento da taxa de juros segura a inflação, mas o remédio está muito mais poderoso do que poderia ser se tivéssemos um lado fiscal mais simples no horizonte. Se continuarmos colocando o peso da economia brasileira em cima da política monetária, isso vai fragilizar o mercado financeiro, já que a renda fixa sempre será mais atrativa. Alinhar o fiscal é uma questão de estabilidade de mercado.”

Por outro lado, o IPCA reforça a trajetória de subida da Selic para levar a inflação de volta ao meio da meta.

“Isso melhora o diferencial de juros em relação às outras economias e facilita a atração de investimentos estrangeiros, o que valoriza o real”, diz Leonel Mattos, da StoneX.