Um grupo de estudantes universitários tem acreditado fortemente naquela máxima onde fala que de pouco em pouco conseguimos mudar o mundo. Eles estão distribuindo cestas básicas em uma comunidade isolada no interior do Amapá e, para chegar ao local, utilizam canoa.
A cidade de Laranjal do Jari tem cerca de 50 mil habitantes e é o terceiro município mais populoso do estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E foi lá que a Estefhany Karoline Oliveira, de 22 anos, viveu sua infância inteira.
Filha de professores, ela hoje vive na capital, onde estuda Secretariado na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Estefhany mudou com o irmão, que estuda medicina na mesma universidade, mas nunca esqueceu de onde veio. Quando as aulas foram suspensas em março do ano passado, eles voltaram para Laranjal para aliviar um pouco os custos de vida da capital.
Só que se depararam com uma população passando muita necessidade. Estefhany teve a ideia de iniciar um projeto social para ajudar aquelas pessoas e convidou mais seis amigos, que toparam na hora. Foi assim que começou o Laranjal Solidário.
Propósito
Estefhany diz que ao ver muita gente passando fome em Laranjal do Jari, principalmente aqueles que precisavam sair para ganhar dinheiro, mas não podiam por causa do isolamento, ela quis fazer algo.
A estudante e os amigos têm feito um trabalho incrível desde então. Eles conseguiram uma lista de todas as famílias que recebem benefícios do governo e criaram um filtro para aquelas que, mesmo com esse ganho, ainda passam muita necessidade. Os jovens ainda divulgaram sobre o projeto nas redes sociais e receberam indicações de pessoas em possível situação de vulnerabilidade.
Com a lista em mãos, Estefhany bateu de porta em porta para conversar com cada uma dessas família e conhecer mais de suas histórias. Depois, ela separou as principais necessidades e buscou ajuda através de uma vaquinha online.
Infelizmente eles só arrecadaram R$ 100 e algumas poucas doações de alimentos. Então os estudantes custearam tudo do próprio bolso, mas não desistiram de ajudar aquelas pessoas. “A gente depende da solidariedade das pessoas e da nossa também”, conta a jovem.
Com a mobilização, o número de doações aumentou. Hoje eles usam a quadra de uma igreja católica, cedida pelo padre, para receber os mantimentos. Além disso, eles prestam contas aos doadores, publicando fotos das notas fiscais dos produtos comprados e das cestas montadas.
Distribuição de cestas básicas
As primeiras entregas aconteceram em maio e de lá pra cá foram doadas 186 cestas básicas, além de máscaras e álcool em gel. Estefhany ainda preparou um panfleto, com informações prevenção da COVID-19 e deixou um contato de whatsapp para quem quisesse indicar novas famílias necessitadas. Quem recebe ajuda, assina uma lista, mas não é fotografado para garantir a privacidade.
A canoa foi o meio de transporte escolhido pelos estudantes para levar os alimentos até os moradores. Hoje eles utilizam uma que tem motor, mas no início tiveram que remar por toda região para entregar as cestas básicas.
O Laranjal solidário vai continuar por todo 2021 e Estefhany pretende transformar o projeto em uma ONG esse ano, para conseguir apoio financeiro e manter as entregas de cestas básicas.
Além do alimento, o grupo pretende dar aulas de inglês e fazer um dia com ações para a comunidade com brincadeiras, corte de cabelo, cuidados na área de saúde bucal, etc. “A gente tem outros planos, a gente não se limita”, diz a jovem.
A ONU abraçou a causa da Estefhany e doou 4.175 cestas básicas com recursos destinados pelo Ministério Público do Trabalho no Pará e Amapá (MPT). Eles também produziram e divulgaram um vídeo mostrando o trabalho dos jovens. Veja:
FONTE: Observatório Terceiro Setor
SOCIAL – Razões para Acreditar