BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – O início da vacinação na União Europeia é “uma luz no fim do túnel após um inverno desafiador”, afirmou hoje o comissário responsável por economia no bloco, Paolo Gentiloni, ao apresentar as previsões trimestrais de inverno, para este ano e o próximo. Traduzindo em números, “inverno desafiador” quer dizer que a Comissão Europeia (Poder Executivo da UE) reduziu sua expectativa de crescimento do PIB no curto prazo, enquanto “luz no fim do túnel” significa previsões melhores para o longo prazo.
Por causa de novas medidas de restrição para conter a transmissão do coronavírus, o primeiro trimestre deste ano deve ser ainda de contração da economia, como foi o quarto trimestre de 2020, levando a comissão a rebaixar de 4,1% (na previsão de outono) para 3,7% a expectativa de crescimento do PIB da UE em 2021. Uma retomada mais vigorosa começaria no terceiro trimestre, liderada pelo consumo privado, com apoio adicional do comércio global.
Já a previsão de crescimento em 2022 foi elevada de 3,0% para 3,9%. Se os números se confirmarem, o PIB europeu voltará aos níveis pré-pandemia ao final do próximo ano, antes do previsto anteriormente. Nos cálculos feitos há três meses, a atividade não se recuperaria antes de 2023.
As expectativas variam bastante de acordo com o país, com maior contração para aqueles cuja economia depende mais do turismo, como Itália, Espanha e Portugal. Após redução de 8,8% do PIB em 2020, a Itália deve crescer 3,4% em 2021 e 3,5% em 2022. Já a Alemanha, impulsionada por exportações industriais, terá queda de 5% em 2020, recuperada por altas de 3,2% em 2021 e 3,1% em 2022.
De acordo com o relatório, o país menos atingido pela crise em 2020 foi a Irlanda, com crescimento do PIB de 3% –todos os outros 26 países do bloco devem apresentar retração da economia, sendo que a menor delas é a da Lituânia, de 0,9%.
A Espanha foi o mais atingido, com queda de 11% em 2020, mas é também o que deve ter maior crescimento em 2021, de 5,6%, seguido de 5,3% em 2022 (também um dos mais altos, atrás dos 5,4% de Eslováquia e Malta). De acordo com a Comissão, políticas de apoio à reconstrução pós-pandemia devem ter impacto considerável nessa recuperação.
Para os 19 países que usam o euro, o crescimento esperado é de 3,8% tanto em 2021 quanto em 2022, após uma queda estimada de 6,3 % em 2020.
Como nas previsões anteriores, a Comissão ressaltou que a incerteza ainda é alta, dificultando os cálculos. Um exemplo é o dos 750 bilhões de euros (R$ 4,9 trilhões) do plano de recuperação pós-pandemia. Embora os primeiros pagamentos estejam projetados para o segundo semestre deste ano, nenhum dos cerca de 40 parlamentos nacionais e regionais autorizou até agora que os governos se endividar para financiar os recursos.
Também pesam contra as previsões os riscos de novas variantes mais resistentes às vacinas. “Existe também o risco de que a crise deixe feridas mais profundas do que o previsto no tecido econômico e social europeu, com falências em cadeia e perdas significativas de postos de trabalho”, afirma a Comissão.
Do lado positivo, as surpresas podem ser uma abertura mais rápida com o avanço da vacinação e um rebote mais forte que o previsto, “impulsionado por uma explosão de otimismo pós-crise”. Nesse cenário, não só a demanda reprimida seria reativada como projetos de investimento inovadores seriam facilitados pelo crescimento da poupança doméstica durante a pandemia, os juros mais baixos e as políticas públicas de apoio.
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