BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Javier Milei atravessa a semana mais difícil para seu governo até cá, em meio ao escândalo que envolve a criptomoeda $Libra. Mas nessa quinta-feira (20) uma vitória legislativa esfriou a tensão, em um exemplo de uma vez que sua perda de força posteriormente o criptogate não está dada.

 

O Senado da Argentina aprovou a suspensão das eleições primárias, as Paso, para o pleito legislativo que será realizado no próximo mês de outubro e que renovará parcialmente as duas Casas do Legislativo, com expectativa de que o partido mileísta, Liberdade Avança, cresça.

A proposta foi aprovada com 43 votos. Eram necessários, no mínimo, 37 (ou seja, metade dos legisladores mais um), uma vez que manda a Constituição para reformas eleitorais. Vinte senadores se opuseram, e seis se abstiveram.

O texto proposto pela Mansão Rosada aos legisladores já havia sido reconhecido confortavelmente pela Câmara de Deputados no início deste mês, era uma bandeira de campanha do presidente ultraliberal e pode impactar as articulações opositoras, em um momento no qual a oposição já está, em grande medida, fragmentada na Argentina.

Publicado uma vez que Paso, acrônimo de “Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias”, esse protótipo começou a ser adotado em 2011. Realizadas dois meses antes de uma eleição, as Paso são usadas para determinar entre os pré-candidatos de uma coalizão aqueles que mais votos têm e, portanto, competirão nas urnas. Todo votante deve participar.

Esperava-se que o escândalo do criptogate pudesse dificultar todas as articulações do governo no Congresso ou logo retardar alguns debates, mas o que tem ocorrido é o contrário. Também nesta quinta-feira, uma novidade pesquisa de opinião centrada neste tema mostrou uma comedida desidratação da imagem presidencial.

A pesquisa da consultoria CB realizado online com 1.125 argentinos de mais de 16 anos mostra que, entre os que estão informados sobre o criptogate (84% do totalidade), 49% dizem que promover a $Libra foi uma ação deliberada de Milei, não um erro involuntário, uma vez que ele agora justifica. E 77% dizem que a Justiça deveria investigar a fundo a relação entre Milei e os criadores da $Libra. Aliás, 72,8% dizem encontrar que a crédito no presidente diminuirá.

O fator mais relevante, no entanto, é que o desgaste está mais presente entre aqueles que já não apoiam Milei. Fundador da CB, Cristian Buttié diz à reportagem que somente 10% da base que votou em Milei nas eleições que o elegeram há pouco mais de um ano se viu afetada.

O caso teve início há uma semana, quando Milei divulgou em sua conta no X um ativo do dedo, a $Libra, que em poucas horas colapsou, fazendo milhares de investidores perderem moeda e levando a acusações da fraude conhecida uma vez que “rug pull” (ou “puxada de tapete”), operada pelos próprios criadores da criptomoeda.

O presidente prateado recebeu as pessoas por trás da $Libra na Mansão Rosada, no ano pretérito, e inclusive publicou fotos com elas.

Milei apagou a publicação e disse não estar completamente inteirado do tema e de suas fragilidades, mas já é claro de acusações na Justiça e de pedidos de impeachment no Congresso.

A Argentina tem eleições legislativas de meio de procuração neste ano, em outubro, quando 127 cadeiras da Câmara e 24 do Senado serão renovadas com novos representantes. Neste caso, as Paso, que seriam realizadas em agosto, deveriam escolher as listas de políticos que tinham mais pedestal para competir por cada associação política.

Milei dá o pontapé inicial em uma reforma eleitoral que prometia implementar desde a estação de sua campanha. Uma reforma mais tímida, é claro. De início o governo propôs varar as Paso, mas, com a resistência de congressistas, optou por propor sua suspensão para levante ano, o que agora foi reconhecido no Legislativo.

O argumento público do governo é econômico. “As Paso funcionaram uma vez que uma pesquisa milionária a serviço unicamente da política e em detrimento da economia e do tempo dos argentinos”, disse o porta-voz do presidente, Manuel Adorni, no final do ano pretérito. “Unicamente em 2023 custaram 45 bilhões de pesos [R$ 248 milhões].”

Analistas políticos ponderam que ao varar as Paso o governo teria uma vez que objetivo principal não a economia de recursos gastos no protótipo, mas sim complicar a vida da oposição.

Isso porque as primárias eram uma utensílio que facilitava a solução de disputas internas. Se havia dois nomes lançados à Presidência pela mesma associação, bastava saber quem tinha maior respaldo popular nas urnas para concorrer. Agora, o cômputo para resolver essas disputas internas, que existem a nível pátrio, mas também em províncias e cidades, será mais complicado.

Há ainda o indumentária de que as primárias atuavam uma vez que um filtro: partidos que não superam 1,5% de votos não podem competir nas eleições dali a dois meses. Se a suspensão for aprovada no Senado, a fragmentação partidária será ampliada, o que pode ter efeitos na oposição que enfrenta a concorrência de novas figuras aglutinadas por Milei.

Eleições legislativas na Argentina em 2025

Quando: 26 de outubro, um domingo
O que se elege: 127 das 257 vagas da Câmara e 24 das 72 do Senado