Após 56 anos de prisão e uma condenação à morte, o prisioneiro mais antigo do mundo, Iwao Hakamada, de 88 anos, foi finalmente absolvido por um tribunal japonês. Hakamada, que foi acusado de assassinar seu patrão, a esposa dele e os dois filhos do casal em 1968, teve sua sentença revertida pelo Tribunal Distrital de Shizuoka, no sudoeste de Tóquio, nesta quinta-feira.
A decisão marca o fim de uma longa batalha judicial que começou quando roupas manchadas de sangue, encontradas um ano após o crime, foram apresentadas como prova fundamental para incriminar Hakamada. No entanto, ele sempre manteve sua inocência, negando qualquer envolvimento no assassinato. Em 2014, surgiram indícios de que as provas usadas no julgamento original poderiam ter sido forjadas, levando à concessão de um novo julgamento e sua libertação provisória.
Devido a problemas de saúde, o ex-prisioneiro não compareceu à audiência, sendo representado por sua irmã, Hideko, de 91 anos, que expressou respeito ao juiz com uma série de vénias. O caso, que se tornou amplamente conhecido no Japão, atraiu centenas de pessoas que fizeram fila para acompanhar a decisão final.
Hakamada é o quinto prisioneiro condenado à morte no Japão a ter a chance de um novo julgamento, e, como nos quatro casos anteriores, a decisão resultou em absolvição. Ao longo dos anos, ele passou a maior parte de sua vida encarcerado em isolamento, devido à sua saúde debilitada. Seu advogado, Hideyo Ogawa, afirmou que o cliente, em muitos momentos, parecia viver em um “mundo de fantasia”.
Durante décadas, ativistas e apoiadores de Hakamada lutaram incansavelmente para que seu caso fosse reaberto, acreditando que ele havia sido vítima de um erro judicial. Em uma entrevista à AFP em 2018, o próprio Hakamada afirmou que estava “lutando todos os dias” para alcançar sua absolvição e expressou confiança de que, mesmo com todos os obstáculos, havia um caminho para a vitória.