Quem vê a Madalena pensa até que é outra pessoa, literalmente. Resgatada de um regime análogo à escravidão, que viveu durante 38 anos, a mulher carregava o sofrimento no olhar.
Madalena Gordiano, 46 anos, foi resgatada em Patos de Minas, no Alto Parnaíba, em novembro do ano passado. Era mantida presa pela família do professor universitário Dalton Milagres Rigueira.
Visivelmente mais jovem, com cabelo longo, radiante e engajada na luta contra o trabalho escravo no país, Madalena deixou para trás a imagem da mulher que se mantinha de cabeça baixa e não sorria.
“Antes eu existia, hoje eu vivo”
Madalena era submetida a jornadas de trabalho exaustivas e degradantes. Levantava às 4h para trabalhar todos os dias da semana, sem folga. “Antes eu existia, hoje eu vivo. Tenho vivido o melhor dessa terra. Peço a Deus que me dê saúde pra eu viver mais anos assim, tão feliz”, agradece Madalena.
“Fico feliz de estar vivendo tudo isso. Deus tem colocado pessoas maravilhosas em minha vida. Sei que foi tudo no tempo DEle e ainda está sendo. Tenho certeza que coisas muito boas ainda vão acontecer.”
Madalena era obrigada a raspar o cabelo e perdeu todos os seus dentes por falta de higiene básica. “Gostaria muito de ter o cabelo grande e não era possível, devido aos meus ex-patrões não permitirem. Fui presenteada com esse lace e tô super feliz. Me sinto linda e mais jovem”, afirma Madah.
38 anos de escravidão
Madalena tinha 8 anos quando bateu na porta da casa da professora Maria das Graças Milagres para pedir um pão. Maria das Graças disse que iria adotar Madalena, mas a impediu de estudar, tornando a menina empregada da casa.
Depois de alguns anos, Maria das Graças decidiu que Madalena serviria a seu filho, o professor universitário Dalton Cesar Milagres Rigueira. Em 2001, Madah se casou com um tio da esposa de Dalton, que era ex-combatente e a deixou uma pensão de R$ 8 mil.
O professor controlava todo o dinheiro e repassava para Madalena apenas R$ 200.
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Madah se libertou dos abusos quando começou a mandar bilhetes para seus vizinhos com pedidos básicos, como itens de higiene pessoal. Após a história ser revelada, Dalton foi obrigado pela Justiça a pagar tudo o que deve à Madah.
O professor ainda fez um empréstimo em nome de Madah, o que a impede de receber o valor integral de sua pensão, pouco mais de R$ 4 mil.
Madalena mora em casa de assistente social
Madalena está morando na casa de uma assistente social que a acolheu assim que foi resgatada da casa da família Rigueira.
“A Tais Teófilo que trabalhava no abrigo que me acolheu quando fui libertada, sempre ficou comigo. Hoje, moro com ela até conseguir um canto para mim. Ela é um fada madrinha na minha vida. A página @expondocasoescravo me ajudou muito não deixando o caso ser esquecido. Espero que minha história possa salvar mais vidas”, conta.
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Vaquinha online
O perfil mantém viva a história de Madah para que casos como o dela não se repitam. O foco agora é bater a meta da vaquinha para a compra dos móveis de sua casa. Falta bem pouco e Madalena não vê a hora de se mudar para o seu novo lar 👏
“Muito ansiosa. O meu sonho sempre foi ter uma máquina de lavar, uma geladeira cheia e uma TV grande. E sei que com a ajuda que estão me dando eu vou conseguir realizar. Muito obrigada a todos que ajudaram e ainda vão ajudar. Vocês estão ajudando a mudar a história de vida da Madalena Gordiano”, destaca.
“Me sinto feliz com o carinho que recebo virtualmente. No Instagram, no Facebook. Agora com o celular eu consigo acompanhar tudo. A Tais me ajuda a postar foto, escrever coisas bonitas para as pessoas que me mandam tanto carinho”, completa.
Para ajudar Madah a realizar o sonho de ter seu cantinho do que jeito que ela sempre sonhou, clique aqui. Se preferir, você pode ainda doar R$ 1 pelo PIX. A página @expondocasoescravo passa a chave via direct.
Voaaa, @madahgordiano! Estamos na torcida e ansiosos pra ver sua casinha mobiliada!
Conheça também a história de Marina Aguiar, que foi curada milagrosamente de um câncer, formou-se em Medicina e fez residência em Hematologia no mesmo hospital onde finalizou seu tratamento. Saiu como paciente, voltou como médica!
SOCIAL – Razões para Acreditar