Os vencedores do Prêmio Nobel de Química foram anunciados na manhã desta quarta-feira, 4, pela Real Academia Sueca de Ciências: os pesquisadores Moungi G. Bawendi, Louis E. Brus e Alexei I. Ekimov. Eles desenvolvem trabalhos na área de nanotecnologia.
O trio foi reconhecido pelas pesquisas sobre pontos quânticos, nanopartículas tão pequenas que seu tamanho determina suas propriedades. Esses pequenos componentes têm uso na área de eletrônica, como TVs e lâmpadas LED, computação, e na Medicina avançada, como em cirurgias de remoção de tecidos tumorais.
O francês Bawendi é professor no Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT) e o americano Brus atua na Universidade de Columbia, ambas instituições americanas. Já o russo Ekimov foi cientista-chefe da Nanocrystals Technology, em Nova York.
No início dos anos 1980, Ekimov criou efeitos quânticos dependentes do tamanho em vidro colorido. A cor veio de nanopartículas de cloreto de cobre e Ekimov demonstrou que o tamanho das partículas afetava a cor do vidro por meio de efeitos quânticos, segundo a Academia.
Brus, alguns anos depois, foi o primeiro cientista a provar efeitos quânticos dependentes do tamanho em partículas que flutuam livremente num fluido. E, três décadas atrás, Bawendi revolucionou a produção química de pontos quânticos, resultando em partículas quase perfeitas. Essa alta qualidade era necessária para que pudessem ser utilizados nas aplicações práticas.
Além da medalha e do diploma, os laureados leva para casa uma quantia substancial em dinheiro, 11 milhões de coroas suecas (em torno de R$ 4,8 milhões).
Na segunda-feira, 2, o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina foi para os responsáveis por criar a tecnologia da vacina de mRNA: a bioquímica húngara Katalin Karikó e o imunologista americano Drew Weissman. As descobertas da dupla, fruto da pesquisa em ciência básica, levaram ao desenvolvimento em tempo de recorde de imunizantes contra a covid-19 em 2020, menos de um ano após a identificação do novo coronavírus.
Na terça, 3, três pesquisadores levaram o Nobel de Física. Os cientistas Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne LHuillier foram homenageados pelos trabalhos em métodos experimentais que geram pulsos de luz para o “estudo da dinâmica eletrônica na matéria”.
O prêmio de Química vem sendo entregue desde 1901, quando a premiação teve início, seguindo as diretrizes deixadas postumamente no testamento do inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896), cuja formação acadêmica era em Química. Ao todo, foram entregues 114 prêmios para 191 laureados.
No ano passado, o prêmio de Química foi dividido por três pesquisadores: Carolyn R. Bertozzi, da Universidade de Stanford, nos EUA; Morten Meldal, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca; e K. Barry Sharpless, do Instituto de Pesquisa Scripps, nos EUA. Eles dividiram o prêmio pelo “desenvolvimento da química do clique e da química bioortogonal”, com a criação de uma nova abordagem para a construção de moléculas.
Um dos grandes desafios da química moderna tem sido desenvolver técnicas eficazes para construir artificialmente estruturas moleculares complexas, como as encontradas na natureza. A evolução desse conhecimento teve um impacto significativo na produção de novos materiais e também de remédios
Em mais de um século de premiação, apenas oito mulheres ganharam o Nobel de Química, sendo que cinco delas foram laureadas nos últimos quinze anos. A primeira mulher a receber o prêmio foi Marie Curie, em 1911. Ela já tinha um Nobel de Física, concedido em 1903. A segunda mulher a levar o prêmio de Química foi a filha de Marie Curie, Irene Juliot-Curie, em 1935.
Em 2021, Benjamin List, da Alemanha, e David MacMillan, dos Estados Unidos, levaram o prêmio pelo “desenvolvimento da organocatálise”, que auxiliou a pesquisa farmacêutica e possibilitou a construção de moléculas de forma mais sustentável. No ano anterior, o prêmio de química foi, pela primeira vez, para uma dupla de mulheres: Emmanuelle Charpentier, da França, e Jennifer Doudna, dos EUA, que desenvolveram uma técnica que tornou possível a edição do genoma.
Em 2019, o reconhecimento foi para o trio Akira Yoshino, do Japão, John Goodenough, dos EUA, e Stanley Whittingham, do Reino Unido, que desenvolveram as baterias de lítio, utilizadas em celulares, carros elétricos e outras tecnologias do dia a dia. Por fim, em 2018, o prêmio foi para Frances H. Arnold e George Smith, dos EUA, e Gregory Winter, do Reino Unido, por seus trabalhos com proteínas.