SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, foi aprovado nesta segunda-feira (25) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o tratamento de diabetes tipo 2. O injetável é também utilizado de forma off-label, ou seja, para uma finalidade diferente da indicada em bula, para perda de peso. Ele integra o grupo de “canetas emagrecedoras” no Brasil.
No último ano, o antidiabético Ozempic, da Novo Nordisk, viralizou no TikTok após alardearem seu bom resultado para a perda de peso. Já aprovado pela Anvisa para o tratamentos de diabetes, o medicamento enfrentou problemas de abastecimento nas farmácias do país.
O Wegovy, medicamento semelhante, mas com indicação contra obesidade, foi aprovado recentemente pela Anvisa e deve chegar ao mercado brasileiro em 2024. Assim como o Ozempic, ele tem como princípio ativo a semaglutida, mas é disponibilizado em doses maiores.
Os três medicamentis simulam efeitos de hormônios intestinais que atuam na sensação de saciedade e no metabolismo do corpo humano. A diferença é que o Mounjaro, nome comercial da tirzepatida, imita a ação do peptídeo semelhante a glucagon 1, ou GLP-1, e o peptídeo insulinotrópico dependente de glicose; já Ozempic e Wegovy simulam apenas o GLP-1.
Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine comparando essas drogas descobriu que o uso de tirzepatida leva a reduções maiores nos níveis de açúcar no sangue e a uma perda de peso maior que os outros produtos.
Para a dosagem de 15 mg, a redução registrada foi, em média, de 22% do peso corporal. Para a semaglutida, a média é uma redução de 15% do peso.
Uma análise apresentada no último Congresso Europeu de Obesidade, em Dublin (Irlanda), destrinchou os efeitos do medicamento para o tratamento da obesidade utilizando dados de um estudo de 2022 patrocinado pela Eli Lilly, farmacêutica responsável.
O trabalho mostrou que pessoas com o IMC (índice de gordura corporal) maior tiveram um emagrecimento mais acentuado no decorrer de 72 semanas, tempo estimado pelo estudo original para atingir o chamado platô (quando o paciente em tratamento para obesidade para de perder peso).
Considera-se que o indivíduo atingiu o platô quando perde menos de 5% do peso corporal num período de 12 semanas.
De acordo com a análise, os participantes incluídos na maior faixa de IMC (a partir de 40), perderam o dobro de peso do que os usuários com sobrepeso (taxa menor que 30). Além disso, pessoas com índices mais altos também mantiveram um emagrecimento mais intenso após as primeiras 24 semanas de tratamento.
Segundo o estudo original, mais de 80% dos participantes apresentaram perda de peso significativa em 72 semanas, tempo considerado inédito se comparado a outros tratamentos existentes.
O medicamento existe em doses de 5 mg, 10 mg e 15 mg. Apesar de dosagens maiores causarem mais emagrecimento, o tempo para atingir o platô foi semelhante entre as doses e as diferentes faixas do índice.
“Conforme o indivíduo perde peso, ocorre a ativação de algumas vias de defesa dessa perda e, com isso, a estabilização do peso”, disse Gláucia Carneiro à Folha de S.Paulo em junho. A endocrinologista é responsável pelo ambulatório de obesidade da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O estudo incluiu participantes com IMC superior a 30 ou a partir de 27 com ao menos uma comorbidade. Os resultados contribuem para a busca da aprovação do medicamento para o tratamento da obesidade. Não há indicação para pessoas que não se encaixam nesses critérios.
Leia Também: Não vê resultados na balança? Pode estar cometendo um destes cinco erros!