SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com mais de 86% dos votos apurados em Israel, a coalizão ultranacionalista encabeçada pelo ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu parece ter conquistado a maioria das cadeiras do Knesset, o Parlamento do país, nas eleições desta terça-feira (1º).
Até aqui, o bloco de partidos de direita abraçou 65 de 120 assentos. O bloco de centro-esquerda levaria 50 cadeiras, e os independentes, 5. A confortável vantagem da coalizão de Netanyahu pavimenta o retorno do ex-premiê, que por 15 anos liderou o país, ao poder.
Na divisão entre legendas, o Likud, partido de Netanyahu, levaria a maior fatia, com 32 cadeiras, seguido pelo centrista Yesh Atid (Há Futuro), do atual premiê, Yair Lapid, que ficaria com 24 assentos.
Os números desenham um cenário ainda mais confortável para Netanyahu do que o esboçado na boca de urna, quando o bloco do ex-premiê aparecia com possíveis 61 ou 62 assentos no Knesset, contra cerca de 54 ou 55 do bloco de Lapid e 4 para os independentes.
Talvez a principal característica da coalizão provavelmente vitoriosa seja a ascensão de partidos da ultradireita, fator com o qual israelenses terão de lidar de maneira mais ampla na próxima legislatura.
A terceira sigla com mais poder no futuro Parlamento (14 cadeiras), afinal, será o Sionismo Religioso, que, entre outras coisas, defende a expulsão de cidadãos árabes que não jurem lealdade a Israel.
O fator tem sido elencado por palestinos como preocupante, uma vez que a eleição se deu em contexto de tensão crescente na Cisjordânia.
À agência Reuters Bassam Salhe, membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), disse que o resultado aumentaria uma “atitude hostil em relação ao povo palestino” e intensificaria a ocupação israelense dos territórios palestinos.
Na mesma linha, Hazem Qassem, porta-voz da facção radical Hamas, disse que Israel está se inclinando para o extremismo. “Governos de Netanyahu lançaram várias guerras contra o povo palestino; a presença de figuras mais extremas significa que vamos enfrentar ainda mais violência sionista.”
Mais um episódio da escalada da violência na foi registrado nesta terça, desta vez perto de um posto de controle na cidade de Modiin, na Cisjordânia. Segundo o Exército de Israel, um palestino de 54 anos tentou atropelar um soldado do país e atacá-lo com um machado. O militar, que teria ficado ferido, atirou no homem, que morreu.
O ex-premiê Netanyahu comentou o ocorrido, ao manifestar em uma rede social solidariedade ao membro das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês). “Desejo uma pronta recuperação ao oficial. Parabéns por eliminar o terrorista! Orgulhoso de você”, escreveu.
As mais recentes eleições também chamaram a atenção pelo alto índice de comparecimento às urnas –o voto não é obrigatório em Israel. Segundo divulgou o Comitê Eleitoral ao final da votação, às 22h do horário local, 71,3% dos eleitores (ou 4,8 milhões) haviam votado. No pleito de 2021, o comparecimento foi de somente 67,45%.
Julgado em casos de corrupção que envolvem suspeita de suborno e fraude, Netanyahu, talvez o rosto mais conhecido da política local, está a menos de 18 meses longe do poder. Ele deixou o cargo de premiê em junho de 2021, após o Knesset confirmar Naftali Bennett como novo primeiro-ministro.
Bennett, então, liderou uma coalizão de oito partidos –a chamada geringonça–, que iam da esquerda radical à direita nacionalista. O grupo foi bem-sucedido em aprovar o Orçamento nacional, um dos principais desafios postos à mesa. Até que, em abril desde ano, a crise bateu à porta.
Após a coalizão perder a estreita maioria que tinha no Parlamento, o Legislativo votou, em junho, por sua dissolução e por novas eleições. Bennett, então, foi substituído por Yair Lapid, até então chanceler, um progressista de centro. A troca entre os dois já aconteceria, conforme previsto no arranjo para costurar a coalizão, mas somente após dois anos de governo. Com a crise política, foi adiantada.
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