Além de cultivar e colher as verduras e legumes nas hortas para uma refeição balanceada, aulas de Matemática, Geografia e Ciências também integram a atividade.
Várias unidades escolares da rede municipal de ensino de Sorocaba, como o Centro de Educação Infantil – CEI-99 “Larissa de Freitas Borges”, o CEI-106 “Áurea Paixão Rolim”, o CEI-41 “Leonilda Cruz Maldonado” e a E.M. “Maria Domingas Tótora de Góes” possuem projetosde plantio e cultivo de hortas orgânicas, com a participação de docentes e alunos de diferentes etapas de ensino.
Dessa forma, os professores levam para as salas de aula diferentes conteúdos, relativos, por exemplo, à Matemática, Geografia e Ciências, tendo como ponto de partida a experiência prática obtida nas hortas. Assim, além de cuidar do cultivo das verduras e legumes para uma alimentação saudável, educadores e estudantes também exploram diferentes aspectos desses outros conhecimentos.
“Tem todo um processo de orientação dos alunos sobre as hortaliças. Antes da plantação, já na fase de preparação da terra, explicamos para eles todo o processo de oxigenação que a terra deve ter. Entre um plantio e outro, é necessário também um período de descanso da terra. Depois, as crianças participam do processo de adubação e colocação do calcário na terra. Sendo que, após, é feito o plantio com as mudas prontas. Geralmente, são os alunos maiores que ajudam e orientam os demais no momento do plantio. Depois, durante o crescimento, são feitas muitas observações. Por exemplo, sobre a exposição à sombra e ao sol, ritmo de crescimento, etc.”, descreve o professor da E.M. “Maria Domingas Tótora de Góes”, Paulo Sérgio Oliveira Francisco.
Ele explica, ainda, que também surgem situações adversas, como as pragas, por exemplo. “É muito importante buscar formas de controle das pragas, uma vez que não podemos matá-las, pois isso implicaria na diminuição da biodiversidade. Uma das técnicas é preservar o mato que cresce junto à horta. Assim, essas plantas são primeiramente atacadas, ajudando a preservar as hortaliças”, observa.
“É muito satisfatório ver esse tipo de projeto, seja com a atuação das crianças nas hortas, seja com as próprias merendeiras. E vemos o impacto direto na melhora da qualidade da alimentação dos alunos, que acabam consumindo mais alimentos saudáveis. É mais segurança alimentar dentro da escola. A criança passa a ter noção do trabalho que dá para cultivar, ela faz parte disso e isto as incentiva a experimentar outros alimentos”, conclui o chefe de Seção de Alimentação Escolar da Sedu, Felipe Dias Morales.
Lauren e Emanuele, ambas de 10 anos, no 5º ano do Ensino Fundamental na E.M. “Maria Domingas Tótora de Góes”, são duas alunas que estão participando do projeto de cultivo da horta e tiveram, também, a oportunidade de colher os alimentos e de levar algumas das hortaliças para casa. “Estou achando muito legal e conheci verduras que eu não tinha provado antes, como a chicória. Gostei!”, diz Lauren. Para Emanuele, a descoberta, além da chicória, foi o almeirão. “Demora um pouco para crescer. Para ajudar, precisamos regar toda semana. Levamos também um temperinho para cuidar em casa e minha mãe gostou muito”, conta.
Na cozinha, as merendeiras, que são as primeiras a receber a produção direto das hortas dessas escolas, já notam a diferença no prato das crianças. “Elas estão aceitando mais esses alimentos, porque agora conhecem mais também, ajudam a cuidar e a gente percebe que ficam felizes em comer aquilo que ajudaram a plantar. Tem até aquelas que chegam aqui pedindo as verduras, o que era difícil de acontecer antes”, relata a merendeira Maria Francisco Oliveira, que trabalha também com as profissionais Socorro de Luz Rocha Souza e Érica Cristina Ferreira, nos preparos da alimentação dessa escola.
Nos Centros de Educação Infantil (CEI), o projeto também tem obtido êxito. No CEI-99 “Larissa de Freitas Borges”, por exemplo, o projeto da horta do Pré I, veio para viabilizar o conhecimento do educando, estando apto a identificar os seres vivos, perceber a diversidade de plantas, animais e a interdependência entre eles. A ideia partiu de uma discussão dos educadores da escola em busca da idealização de um “mundo melhor e mais verde para se viver”. E foi posto em prática com as ações das professoras Cínthia Migliorini, Gabriela Marques e Mariana Souza. “O maior incentivo foi buscar a interação da criança com a natureza, o desenvolvimento dos sentidos e de habilidades e tudo o que generosamente recebemos quando cuidamos bem. E quando a criança se percebe protagonista de todo o processo, do começo ao fim, ela passa a compreender essas interações e tudo ganha sentido para ela”, diz a professora Cínthia. “Com isso, o gosto pela alimentação saudável passaram a fazer parte da vida das nossas crianças, o que culminou em quatro colheitas de hortaliças e ervas aromáticas durante o ano, das quais realizamos receitas culinárias na própria escola, com excelente aceitação das crianças”, completa a professora Gabriela. Já a professora Mariana lembra que as experiências não pararam aí. A partir de tantas descobertas, resolveram construir também uma composteira, no CEI-99. “Foi utilizado material reciclável e um minhocário, ambos já produzindo nosso biofertilizante (chorume) para que possamos regar nossas plantas. O impacto do projeto foi tão positivo na vida das nossas crianças, que nossos objetivos ultrapassaram os muros da escola. Por isso, finalizamos com um lindo livro itinerante de receitas, construído pelas crianças e com a participação das famílias”, conta a professora Mariana.
“Nossa expectativa a partir da implementação do Fundo Rotativo da Escola (FRE) é que projetos como estes tornem-se cada vez mais corriqueiros, pois um dos eixos do fundo deve essencialmente ser investido na parte pedagógica de nossas unidades de ensino, finaliza o professor e Secretário da Educação, Marcio Carrara.”
Fotos: Rose Campos/Secom e Sedu/Divulgação
Educação – Agência de Notícias