SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ponto estratégico e de tensão na Guerra da Ucrânia, a usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, foi desligada por razões de segurança. A estrutura tem provocado temores devido ao seu potencial de catástrofe radioativa em decorrência do conflito, que completou 200 dias neste domingo (11).
A estatal de energia nuclear ucraniana Energoatom informou que está sendo preparado o resfriamento do reator da usina, que deixou de gerar eletricidade. O complexo era responsável por cerca de 25% da energia do país antes do conflito.
Curiosamente o desligamento só foi possível depois de ser restabelecida a eletricidade na região onde a usina está localizada. A energia havia sido cortada devido a combates, e Zaporíjia vinha sendo alimentada por apenas um de seis reatores que se mantinha operacional e fornecia energia a sistemas de segurança.
De acordo com a Energoatom, o desligamento foi necessário para que o reator permaneça em seu “estado mais seguro”. “No caso de novos danos nas linhas de transmissão que ligam a usina ao sistema elétrico –cujo risco permanece alto– as necessidades internas [da usina] terão de ser cobertas por geradores que funcionam a diesel”, afirmou a estatal em comunicado.
O ato faz crescer ainda mais a pressão energética sobre o país invadido, que se prepara para um inverno de escassez à medida que a guerra continua.
A usina de Zaporíjia foi tomada por forças russas ainda no começo do conflito. Nos últimos dias, ambos os lados vêm se acusando de travar perigosos combates em torno do complexo, o que aumenta o risco de acidentes radioativos. Há preocupações de que um reator ou depósitos de lixo atômico ao redor da estrutura sejam atingidos.
A missão da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para avaliar a situação na usina disse no começo do mês que os combates na região violaram “a integridade física” do local. Desde então, a Energoatom vem reiterando apelos pela criação de uma zona desmilitarizada em torno das instalações.
O desligamento da usina coincide com a intensificação da contraofensiva ucraniana no conflito contra a Rússia. Kiev afirmou neste domingo que retomou neste mês mais de 3.000 quilômetros quadrados no nordeste do país. “Em torno de Kharkiv [segunda maior cidade da Ucrânia] começamos a avançar não apenas para o sul e leste, mas também para o norte”, afirmou em comunicado o general Valeri Zaluzhni.
O número é aproximadamente 30% superior à área mencionada um dia antes pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. Neste sábado (10), as forças do país reivindicaram a retomada de territórios em Izium e Kupiansk, entreposto ferroviário que estava sob controle russo havia meses e pelo qual passavam suprimentos enviados de Moscou para o foco principal de sua ação, os combates no Donbass.
A velocidade da contraofensiva aparentemente pegou as forças russas de surpresa. O Exército russo anunciou uma redistribuição de suas forças de Kharkiv para concentrar seus esforços na região de Donetsk, mais ao sul.
Diante da contraofensiva, milhares de pessoas fugiram da região de Kharkiv para a Rússia em 24 horas, afirmou neste domingo Viacheslav Gladkov, governador da região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia. “Não foi a noite ou a manhã mais tranquilas. Nas últimas 24 horas, milhares de pessoas cruzaram a fronteira”, disse em um vídeo compartilhado no Telegram.
A maioria das pessoas que cruzaram a fronteira na região de Belgorod foi para casas de parentes ou amigos próximos, segundo Gladkov, que afirmou que a situação estava “sob controle” neste domingo.
No início deste mês, o Exército ucraniano anunciou pela primeira vez uma contraofensiva no sul, antes de fazer um avanço surpresa nesta semana contra as linhas russas no nordeste do país.
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