SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Filósofo, cientista político e escritor ultranacionalista, Aleksandr Dugin, 60, defende o “eurasianismo”, a expansão da presença de Moscou para as regiões de influência histórica do povo russo –não importa se pertencentes a outros países soberanos, como a Ucrânia.
Chamado por muitos de “ideólogo de Vladimir Putin”, ele já foi próximo do presidente e conselheiro de diversos políticos, mas nunca teve o endosso oficial do Kremlin. Em 2014, foi demitido da Universidade Estatal de Moscou após críticos interpretarem suas falas como uma convocação para um genocídio contra o povo ucraniano. Nos últimos anos, a Ucrânia baniu vários de seus livros.
Dugin é criador da Quarta Teoria Política, em que defende uma alternativa às três ideologias que dominaram o século 20: liberalismo, comunismo e fascismo. Segundo sua proposta, formulada em um livro de 2009, o sujeito principal da história seria o povo, não o indivíduo ou o Estado.
Nos anos 1990, Dugin era um saudosista da União Soviética, tendo sido um dos fundadores do Partido Nacional Bolchevique. Sua posição mudou para a defesa do “espaço eurasiano” no começo deste século, período que coincidiu com a chegada de Putin ao poder.
A década seguinte foi a de maior proximidade entre os dois. O filósofo trabalhou nesse período o conceito do “espaço pós-soviético”, que foi absorvido pelo presidente.
Mas a influência atual de Dugin sobre o presidente russo Vladimir Putin tem sido objeto de especulação, com alguns analistas afirmando que é significativa e outros considerando-a mínima.
De acordo com a rede de TV estatal russa, o filósofo é considerado uma figura marginal no país. A Rand Corporation, centro de estudos militares dos Estados Unidos, escreveu em 2017 que, por mais que a mídia ocidental faça supostas conexões de Dugin com Putin, ele é um “mais um provocador extremista com impacto limitado e periférico do que um analista influente com impacto direto na política”.
SEGUIDORES BRASILEIROS
Dugin já veio duas vezes ao Brasil, fala português, fundou um centro de estudos em São Paulo e tem uma legião de seguidores brasileiros.
Em uma entrevista à Folha em 2014, ele afirmou que a Ucrânia é um “Estado falido criado artificialmente”. Naquele ano, ele veio ao Brasil para um seminário sobre as ideias do filósofo Julius Evola (1898-1974), considerado um dos teóricos do neofascismo italiano.
Os Estados Unidos impuseram sanções contra Dugin em 2015 por seu papel em políticas que ameaçavam a Ucrânia, como a ajuda para recrutar combatentes separatistas no leste do país vizinho. A União Europeia já havia colocado sanções contra ele em 2014, época da anexação da Crimeia pela Rússia.
Morta neste sábado (21) em uma explosão, a filha de Dugin, Daria Dugina, apoiou amplamente as ideias de seu pai e dava apoio às ações da Rússia na Ucrânia em aparições na TV estatal.
Daria, que segundo a mídia estatal russa tinha 30 anos, também foi alvo de sanções dos Estados Unidos e do Reino Unido, que a acusaram de publicar desinformação sobre a Ucrânia.
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