Quebrando a barreira do acesso ao esporte, a pernambucana Karina Paz utiliza o futebol feminino para empoderar meninas da Comunidade do CSU, em Olinda. As Jogadeiras são apoiadas pelo Projeto Rexona Quebrando Barreiras, que quer fazer com que mais crianças tenham confiança e oportunidade de se movimentar cada vez mais.
Karina protege essas meninas de um ciclo de violência que ela mesma se viu exposta. Quando ainda brincava de bonecas, Karina foi assediada por um homem dez anos mais velho. Ela viveu um relacionamento abusivo durante 13 anos.
“Quando falamos de vulnerabilidade, a gente foca muito nos meninos, né? Essa mesma vulnerabilidade existe para as meninas, mas de uma forma silenciada, naturalizada, que só passando na pele para perceber suas nuances”, reflete Karina.
Meninas devem ser apenas meninas! Foto: reprodução/Instagram @pazearr
Mais do que um time de futebol feminino, a gente logo vê que o projeto funciona como uma rede de proteção, sabe? Contra a sexualização precoce do corpo dessas meninas e a gravidez na adolescência, por exemplo.
“A equipe tem uma psicóloga que traz todos esses temas e problemas que as afetam como menina e como mulher. Também faz um acompanhamento individual quando é identificado algum problema”, explica Karina.
Meninas devem ser apenas meninas! Foto: reprodução/Instagram @pazearr
Toda a gestão das Jogadeiras é formada por mulheres, inclusive a treinadora, além da assistente social, outra mulher negra.
Karina acredita que as Jogadeiras é uma conquista das próprias meninas.
Elas precisaram enfrentar o preconceito dos meninos que também frequentam a Escolinha Social de Futebol, coração da ONG Pazear, fundada por Karina junto com um grupo de amigas em 2015 e que utiliza o futebol como ferramenta de transformação da Comunidade do CSU.
“Hoje, eles super reconhecem o talento, a força, a garra e o direito delas de jogarem também. É um trabalho que fazemos dos dois lados. Ao mesmo tempo que geramos entretenimento pra eles, geramos respeito pra elas.”
Foto: reprodução/Instagram @pazearr
Foto: reprodução/Instagram @pazearr
Projeto Rexona Quebrando Barreiras
O resultado do seu trabalho é nada menos do que inspirador!
“Existe um antes e um depois do campo na nossa realidade. Posso falar com certeza que a violência reduziu 90%. O campo é usado por mais de 600 pessoas por semana. E a gente trouxe o olhar do Poder Público, que iluminou as ruas, colocou coleta de lixo”, diz Karina.
O campo onde a garotada treina foi construído em parceria com a love.fútbol, parceira de Rexona, que mobiliza comunidades carentes para a construção de campos de futebol como espaços de lazer e plataformas de desenvolvimento social.
Para transformar mais vidas através do movimento, a organização conta com a parceria do Projeto Rexona Quebrando Barreiras, que usa o esporte e a atividade física para capacitar jovens com confiança e oportunidade para superarem barreiras físicas e sociais. Isso se dá através de parcerias com ONGs que promovem inclusão social através do movimento físico, e com uma robusta grade de treinamentos projetados para mentores e professores, proporcionando ferramentas que precisam para continuar inspirando suas comunidades. Só no seu primeiro ano, mais de 180 mil jovens já foram beneficiados pelo projeto.
Karina quebrou a barreira do acesso ao esporte. Foto: divulgação. Foto: divulgação
“Quando a gente fala sobre trabalho social no Brasil, ainda tá muito ligado a um lugar de caridade e de assistencialismo. A gente precisa amadurecer esse pensamento, sabe? É entender que o trabalho social é parte de um todo. Principalmente quando diz respeito às crianças. Está na Constituição que a proteção da infância e da juventude é um dever de todos nós”, pontua Karina.
São elas! Foto: reprodução/Instagram @pazearr
“E começar a ter diálogo com empresas como Rexona, é abrir esse leque. Principalmente quando esse apoio se dá a partir da co-criação. É o que eles têm proposto. Co-criar é fazer junto. É entender o que realmente as pessoas lá na ponta estão precisando. Porque são pessoas que conhecem a realidade das comunidades”, concluiu.
Que aula, não é mesmo? 👏
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