Um grupo de mães de alunos do Centro Educacional Unificado (CEU), em São Paulo (SP), se uniu com o objetivo de reduzir a fome de dezenas de famílias carentes com estudantes matriculados no colégio.
Em todo dia de feira no bairro Pedreira, elas coletam frutas, verduras e legumes doados pelos comerciantes em uma parceria que também envolve o Conselho de Pais do CEU.
A ideia de fazer as doações surgiu quando as mães perceberam que muitos chefes de famílias – pais, mães ou responsáveis legais, – de alunos estavam desempregados e sem renda em meio à pandemia.
Foto: Ricardo Matsukawa/UOL
Durante uma reunião conduzida por professores das turmas do 9º ano, o assunto foi colocado à mesa.
“Buscamos alguma forma de amenizar o problema. Como não temos verbas, pensamos em fazer essa ponte entre quem pode doar e quem precisa receber”, disse Fernanda Machado, mãe de alunos do CEU e líder do conselho.
Em cada entrega de doações, professores se juntam ao conselho de pais para ajudar. Os alimentos são doados por vendedores de duas feiras da região, sempre às sextas e aos domingos.
De acordo com o Centro Educacional Unificado, a parceria começou no início de dezembro e busca alcançar pelo menos 4 em cada 10 famílias da escola, priorizando aquelas em situação mais delicada.
Com o avanço da campanha, 5 feirantes de barracas diferentes já colaboram com as doações.
Contemplada pelo projeto, a faxineira Rosenilda Demacena, 45 anos, conta que as doações são um alívio porque “coloca comida na mesa” de sua casa.
Foto: Ricardo Matsukawa/UOL
“Na pandemia foi muito difícil, porque antes aparecia mais trabalho e eu conseguia fazer até R$ 400 por semana [limpando casa]. Agora não chego a fazer isso no mês”, contou.
Boa parte da comunidade de mães ao redor da escola recebem auxílio (como o antigo Bolsa Família), que muitas vezes é sua única fonte de renda.
É o caso de Cirlene dos Santos, 41 anos, que está desempregada. Ela conta que antes das doações dos feirantes, só comia “arroz e feijão e olhe lá”.
Foto: Ricardo Matsukawa/UOL
“Carne a gente não vê há muito tempo e até o que vende na feira fica caro pra comprar no dia a dia. Pra quem é vulnerável, essas ajudas mantêm a gente vivo”, frisou Cirlene.
Já a dona de casa Marinalva Silva, 56, passou a ter uma renda mensal de quase zero. Ela conta que antes da pandemia, seu marido trabalhava como motorista de floricultura.
Após ser diagnosticado com Covid duas vezes, ele não conseguiu mais voltar ao mercado de trabalho. “A gente viveu de ajuda do começo da pandemia até agora também. Meus dois netos moram comigo, então não dá pra deixar faltar um alimento, mesmo que seja pouquinho. Aceitamos todas as doações”, disse a dona de casa.
Da feira, pais e professores vão para a escola com carrinhos e sacolas retornáveis cheias de uvas, abacaxis, alfaces, manga, repolhos, tomates e outros produtos. “Hora de encher a geladeira para as crianças”, disse uma das mães beneficiadas.
Pequena boa ação que faz toda a diferença
Para o feirante Ney Santos, que vende (e doa) frutas, sua atitude é pequena perto do desafio que muitos brasileiros enfrentam todos os dias. “A gente ajuda como pode“.
Foto: Ricardo Matsukawa/UOL
Rejeitar colaborar com as doações “não faz o menor sentido” para Fernando Aguenna, que tem uma barraca de legumes com sua família. “Nós vendemos apenas mercadorias frescas, então se não vende, a gente doa. Por mais que a margem de lucro seja baixa”, disse.
Jonas Pereira, feirante de verduras, concorda com o colega e afirma que sempre deixa separado um carrinho para doar ao grupo. “Quanto mais gente ajudando melhor. Temos sempre que pensar assim”, completou.
Fonte: UOL
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