EUA acusam invasores do Capitólio de conspiração para sedição pela 1ª vez

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pela primeira vez nos casos que envolvem a invasão do Capitólio nos EUA, promotores americanos acusaram de conspiração sediciosa nesta quinta-feira (13) contra o líder do grupo de extrema direita Oath Keepers, Stewart Rhodes, e dez outras pessoas. É a mais grave acusação já feita contra os participantes do ataque ao Congresso.

O crime é definido como tentativa de “depor, derrubar ou destruir à força o governo dos Estados Unidos”, com sentença máxima de 20 anos na prisão. Entre os 11 acusados desta quinta, 9 já eram réus em outros processos por delitos como conspiração para cometer um crime e afetar um procedimento oficial.

Os Oath Keepers (guardiões do juramento) são um grupo pouco organizado de ativistas que acreditam que o governo federal está usurpando seus direitos. Eles se concentram no recrutamento de atuais e ex-policiais, trabalhadores de serviços de emergência e militares.

O grupo foi fundado em 2009 por Rhodes, um ex-militar de 56 anos. Ele foi preso nesta quinta.

Os procuradores disseram que, no fim de dezembro de 2020, Rhodes usou meios de comunicação privados criptografados para organizar sua viagem para Washington em 6 de janeiro. Ele e outras pessoas planejaram levar armas para o local para ajudar no apoio da operação.

“[Os acusados] Organizaram deslocamentos de todo o país até Washington, se equiparam com todo o tipo de armamento, vestiram uniformes de combate e estavam prontos para responder ao chamado às armas de Rhodes”, afirma o documento de acusação.

O líder e fundador do grupo estava na área do Capitólio no momento da invasão, mas não está claro se ele entrou no edifício.

Ainda que alguns membros do Oath Keepers tenham invadido o edifício usando material tático, outros permaneceram do lado de fora no que eles consideraram equipes de “força de resposta rápida”, preparadas para transportar rapidamente armas para a cidade, disse um dos procuradores.

A acusação alega que Thomas Caldwell, que já era réu, e Edward Vallejo, acusado agora, eram encarregados da coordenação dessa força de resposta rápida. Vallejo, 63, também foi preso nesta quinta.

Ocorrida há pouco mais de um ano, a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 levou apoiadores do então presidente Donald Trump a uma tentativa fracassada de impedir o Congresso americano de certificar a vitória de Joe Biden.

O ataque ocorreu pouco depois de um inflamado discurso no qual o republicano repetiu suas acusações sem fundamento de que sua derrota foi resultado de uma fraude generalizada e instou seus apoiadores a ir para o Capitólio “lutar como nunca” para impedir que a eleição fosse roubada.

Na véspera de o ataque completar 1 ano, o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, prometeu responsabilizar qualquer pessoa envolvida. A pasta já acusou mais de 725 pessoas, das quais 165 se declararam culpadas e ao menos 70 já receberam sentença. Garland disse ainda que o Departamento de Justiça “seguiria os fatos aonde quer que eles levassem.”

A acusação por conspiração sediciosa eleva o tom dos processos apresentados até agora. Ao longo dos anos, o Departamento de Justiça obteve a condenação pelo crime de nacionalistas porto-riquenhos e supostos militantes islamistas.

O delito apareceu ainda com destaque em um caso que autoridades federais abriram em 1987 contra líderes e membros de um grupo neonazista conhecido como The Order (a ordem). Foram indiciados 14 supostos membros ou apoiadores, 10 dos quais enfrentaram acusações de conspiração sediciosa. Após um julgamento de dois meses, o júri inocentou todos os réus.

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