Seu sonho era não passar fome, mas foi muito além e virou presidente de uma ONG (SP)

A partir da iniciativa de voluntários da região do Jd. Edite em São Paulo, que tinha como foco auxiliar famílias que possuíssem filhos com deficiência, nasceu, em 1982, o NAIA (Núcleo Assistencial Irmão Alfredo). Hoje, mais de 220 crianças, adolescentes e jovens com e sem deficiência são atendidas pela organização. O Razões para Acreditar se juntou ao Atados para contar a história do Arnaldo, um atendido que hoje é presidente da instituição!

O presidente Arnaldo Augusto da Silva (40 anos) sabe bem o impacto do NAIA na vida dos jovens, nascido e crescido na favela do Jardim Edite. Ele nos conta as dificuldades em se destacar dentro da comunidade e como o apoio da organização foi fundamental para chegar onde está hoje. “Devido à falta de oportunidades muitos seguem para o caminho da violência, eu me salvei graças ao sopão do NAIA, que era o passeio de sábado com meus amigos”.

Todo final de semana Naldinho, como é chamado pelos amigos, ia com seus colegas até a instituição comer a famosa sopa que era servida para os moradores da comunidade. Entre uma visita e outra foi ficando mais tempo no local para auxiliar na limpeza e aos poucos foi se aproximando da organização e conquistando a turma (na época toda voluntária), que já conhecia o menino por ser irmão do manutentor da organização. “Depois de ajudar no serviço do meu irmão nós íamos almoçar juntos, e durante um desses almoços a presidente sentou na mesa com a gente para conversar, ela me elogiou, falou que eu era prestativo e me perguntou qual era meu sonho eu lembro de responder que eu não queria passar fome. Desde então ela começou a me procurar mais, até ajudou a conseguir meu primeiro emprego formal como recepcionista no NAIA”.

Foto: divulgação

O início de um sonho

A organização abriu portas ao garoto que até então não tinha perspectivas de futuro, desde sua entrada foi muito bem acolhido e, como Arnaldo costuma dizer, “desafiado”. Devido a um benefício cedido a funcionários de organizações do terceiro setor, teve a oportunidade de, aos 28 anos, iniciar sua graduação como bacharel de administração na Atual Instituição de Ensino Estácio. Mas o maior desafio da época era conciliar seu trabalho (como recepcionista no NAIA), com os estudos e sua família, que por sinal estava crescendo com a chegada de seu segundo filho, “eu não sei como eu conseguia tempo para tudo isso, eu ainda fazia bico como auxiliar de pedreiro em Sorocaba durante o final de semana”, afirma.

Após 1 ano de faculdade seu curso aumentou de valor e precisou de novo fazer mágica com seu tempo (sem o reloginho da Hermione), agora incluindo na sua rotina, estudos para o ENEM, “eu tive que prestar ENEM, então eu estudava no meu horário de almoço, se não fosse isso eu não conseguiria continuar no curso que tinha aumentado o valor”, contou emocionado. Foi com muito esforço que conseguiu passar no ENEM com nota máxima, ganhou bolsa integral e pode continuar seus estudos.

Foi nesse período que conquistou a vaga dos sonhos como administrador de uma marca de logística em uma multinacional. Saiu do seu trabalho como recepcionista do NAIA mas continuou atuando como voluntário. Estava em todas ações voluntárias e acompanhava o dia a dia da instituição que era narrado por sua esposa e irmão que ainda trabalhavam lá.

Entre 2010 e 2011, a organização passou por dificuldades financeiras, e corria o risco de fechar as portas, o problema era grande mas se dependesse do Arnaldo o NAIA nunca iria encerrar as atividades, recebeu o convite de gerenciar a instituição e não pensou duas vezes antes de aceitar e garantir que a organização que lhe abriu tantas portas continuasse de portas abertas para que mais jovens também pudessem sonhar com um futuro melhor. “Lembro até hoje minha mulher falando ‘eu sei que você é doido e vai aceitar’ não deu em outra, tô aqui até hoje”.

Se demitiu do seu emprego, arregaçou as mangas e mais uma vez colocou a mão na massa! Muito trabalho foi feito desde então, e graças à mobilização dos funcionários, voluntários e doadores, a crise, que parecia irreparável, teve um desfecho feliz. Para a alegria das famílias atendidas, o NAIA sobreviveu para completar seus quarenta anos e com muitos motivos para comemorar.

“A maior conquista foi o NAIA ter sobrevivido à pandemia, conseguimos estruturar novos projetos, revitalizar espaços e conseguir implantar cursos de TI e E-commerce, teve a aprovação de novos e importantes projetos para 2022, como o CCINTER (Centro de Convivência Intergeracional) para mais 180 atendidos, um projeto de esportes para mais 120 atendidos, Projeto de Alfabetização de Adultos, além da possível ampliação dos projetos já existentes, como o Jovem Aprendiz e a Biblioteca Comunitária”.

Frederico Silveira (57 anos) é atual líder do conselho no NAIA, conheceu o NAIA pesquisando na internet sobre voluntariado, foi pelo Atados que teve o primeiro contato com a instituição, desde o primeiro dia foi acolhido pelo Arnaldo, “a vida tem 3 etapas: aprender, receber e retornar, e eu estou nessa fase de retornar meu conhecimento”. Em 2019 iniciou a atividade voluntária na área administrativa e em 2020 recebeu o convite para atuar na gestão da organização onde seguiu apoiando mesmo com a pandemia “a sociedade brasileira é muito desigual, principalmente se olharmos pelo recorte social, racial e de gênero por isso o trabalho do NAIA é muito importante, ele olha o futuro dessas crianças e jovens atendidos fornecendo acesso a conhecimentos que fazem a diferença lá na frente”.

Instituições como o NAIA, atuam com crianças e jovens sem perspectivas ou sonhos para seu futuro, o trabalho realizado por elas traz, entre tantas outras coisas, oportunidades, acolhimento e suporte, fazendo com que mais jovens tenham histórias inspiradoras como a do Arnaldo.

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SOCIAL – Razões para Acreditar