Graffiteiros transformam muros sem vida em coloridas obras de arte no Grajaú, em SP

No Grajaú, um dos maiores e mais populosos distritos de São Paulo (SP), centenas de muros e outras edificações coloridas recepcionam aqueles que passam pela região.

Para muitos, eles são os cartões de visitas do distrito. Estamos falando dos graffitis.

“O Grajaú é uma potência enorme do graffiti, mas não muito diferente de outras periferias. É uma cultura urbana e, conforme a cidade vai crescendo, essa cultura vai se expandindo também”, explicou Wellington Neri, o “Tim”, artista e educador do coletivo Imargem.

Há mais de dez anos o grupo discute arte, meio ambiente e convivência no Grajaú e em outras regiões, como o Arte e Cultura na Quebrada e o Grupo OPNI, da zona Leste da capital paulista.

No início deste mês, o Imargem organizou o 12º Encontro Niggaz, um “rolê” que reuniu centenas de artistas do graffiti para pintar um mural de mais 3 quilômetros de extensão nos muros da estação de trem do distrito e em escolas e condomínios do entorno.

O encontro leva esse em homenagem à um dos principais nomes da cena do graffiti.

Niggaz foi o primeiro grafiteiro a cruzar a fronteira entre periferia e centro de São Paulo, tornando-se um dos ícones do muralismo paulistano.

Desde seu falecimento, em 2003, mais de 2 mil artistas já se reuniram pra colorir muros do Grajaú em sua homenagem. “O papel do Niggaz é super relevante no que se reflete hoje”, observou Tim, citando outras referências, como Enivo e Jerry Batista.

Entre as mais recentes obras de arte realizadas, podemos citar os murais das escolas estaduais Eurípedes Simões, no Jardim Lucélia, e Tancredo Neves, no Jardim Novo Horizonte, do grupo “Os Três” – Gelson Salvador, Adriano Bizonho e Helder Holiveira.

Na entrada do CEU Navegantes, eles também pintaram um mural que destaca obras literárias.

Há poucos metros dali, outra fachada foi usada por Mauro Neri, cujo grafitti se confunde com a paisagem, que tem a represa onde o grupo coloca seus barcos à vela para navegar.

As criações fazem parte da iniciativa “Cultura e Educação nas Margens do Grajaú”, feito pelo Imargem com apoio do Fomento à Cultura da Periferia.

Mais adiante, no CEU 3 Lagos, Mauro homenageou profissionais da educação com a pintura da escritora e professora Maria Vilani.

Há graffitis em todo lugar – de muros e escadarias à postes e pequenos portões. Para Tim, que é irmão de Mauro, a ideia é aproveitar ao máximo os espaços disponíveis e provocar reflexões na sociedade.

Como exemplo, ele cita a intervenção feita na sexta-feira passada (19), véspera do Dia da Consciência Negra, em parceria com o Instituto de Referência Negra Peregum.

O graffiti fica às margens de uma empresa, na empena (parte superior das paredes externas) da Escola Estadual Mariazinha Congílio, no Jardim Monte Verde.

Na fachada, está a obra “Matas Vivas Vidas Negras, salvem”, que representa a população negra em meio a realidade das florestas brasileiras.

De acordo com o Censo, pelo menos 80% da população da Amazônia é negra. “Trazer a Amazônia negra para um lugar como o Grajaú, dentro de uma área de proteção ambiental na Mata Atlântica, confirma que os biomas se conectam pela cultura, pela beleza e pelas mazelas das desigualdades sociais”, afirmou Vanessa Nascimento, diretora executiva do Instituto.

E como não poderia deixar de ser, a sede da Periferia em Movimento, que também fica no distrito, é grafitada. Olha só:

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Fonte: Periferia em Movimento
Fotos: Douglas Fontes

SOCIAL – Razões para Acreditar