Já faz quase dois anos que Rogério de Souza Estrada, 51 anos, não consegue arranjar trabalho – apesar de ter um bacharel em Direito.
“Eu sei o que é viver sem dinheiro. Você se sente rebaixado. Um Zé Ninguém”, descreve Rogério, que vive em São Vicente (SP) e viralizou na internet recentemente ao ser fotografado segurando um cartaz no semáforo da Avenida Praia Grande pedindo por trabalho.
Em questão de horas, milhares de pessoas compartilharam a imagem, que sensibilizou empregadores por todo o Brasil.
Rogério contou ao portal G1 que perdeu o trabalho logo no início da pandemia de Covid-19, no primeiro trimestre do ano passado. De lá pra cá, tenta buscar uma fonte de renda fixa, suficiente para pagar o aluguel e as contas.
Sem sucesso em conseguir emprego com carteira assinada, ele já vendeu água no semáforo e contou com o pagamento do auxílio emergencial.
Apesar de ter o diploma de Direito, Rogério não pode atuar na área. Isso porque, antes da crise causada pela Covid, quando se formou, ele não prestou o exame da Ordem do Advogado do Brasil (OAB).
Na época que iria fazer a prova, o homem perdeu a irmã mais nova para um câncer. “Fiquei muito desgostoso, me afetou muito. Eu também tinha vendido o apartamento para pagar a faculdade. Uma série de coisas”, explicou.
Na semana, Rogério viajou até Praia Grande em busca de trabalho, já que não estava conseguindo em São Vicente. Sem dinheiro para a condução, ele pediu carona para um motorista de ônibus.
“Peço uma oportunidade de emprego, por favor“, escreveu no cartaz exibido no semáforo. Ele foi fotografado por uma moradora na Avenida Ayrton Senna da Silva, e a imagem foi publicada nas redes sociais com o intuito de ajudá-lo a conseguir um trabalho.
“Gente, vi esse homem com esse cartaz em frente o shopping Litoral Plaza, na Praia Grande. Fui até ele, e perguntei se eu poderia tira uma foto e compartilhar na rede social, ele falou que sim e agradeceu. Ele falou que já entregou em vários lugares e falaram pra ele que ele está muito acima da idade. Por favor, se algum empresário puder ajudar”, afirma a mulher na publicação.
No dia seguinte, mais de 7 mil pessoas tinham compartilhado o post, que também trazia o currículo e os dados de Rogério (como telefone e endereço).
Uma corrente do bem foi formada, pois desde a postagem, ele já recebeu diversa ligações com propostas de entrevista.
“De maneira alguma esperava essa repercussão. Nem nos melhores sonhos. Pensei até que ia ficar igual a um palhaço lá”, revela. Ele conta que, agora, se prepara para as entrevistas de emprego. “Eu quero ter condições para tentar ser advogado, comprar os livros e voltar a estudar. Se possível, ajudar alguém. Advogar para uma pessoa que não tem condições, que eu não vou cobrar nada”, finaliza.
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Fonte: Repórter Beto Ribeiro
Fotos: Arquivo pessoal
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