MARINA PINHONI E VITOR ANTONIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ameaça com arma de fogo, agressão física, trombada dentro do transporte público e assalto com bicicleta são alguns dos exemplos de como agiram criminosos nos 265 furtos e roubos registrados em 2025 na rua Brigadeiro Tobias, no centro de São Paulo.

 

A via, que abriga a sede da Polícia Civil do estado de São Paulo e fica próxima à estação da Luz, teve o segundo maior número de registros desta natureza no entorno da cracolândia, ficando atrás apenas da praça da República -onde 400 furtos ou roubos foram registrados este ano.

Ao todo, os bairros de Santa Cecília e Campos Elíseos contabilizaram 3.290 furtos e 997 roubos nas 16 primeiras semanas do ano, período que vai de 30 de dezembro de 2024 a 20 de abril de 2025. O valor representa uma média de 39 casos por dia.

Os pedestres são os principais alvos dos criminosos. Mais da metade (51,6%) dos casos foi classificada como furto ou roubo a pedestres, seguida por furto ou roubo dentro do transporte coletivo (em estações, ônibus, trem ou metrô), com 17,8%. Em terceiro lugar está o furto ou roubo a clientes dentro de estabelecimentos comerciais, com 7,3%.

Embora o modo de locomoção do infrator não tenha sido especificado em 30% dos boletins de ocorrência, é possível observar alto percentual do uso de bicicleta nos registros em que consta essa informação. A maior parte dos crimes é cometida por infratores a pé (72%), mas as bicicletas aparecem em 22% dos casos em que há essa informação.

Houve 660 casos de roubos ou furtos em que o infrator abordou a vítima em uma bicicleta, o que evidencia que o problema da chamada gangue da bike não foi superado. Temidos pela população e mais comuns em outras regiões da cidade, os assaltos com motociclistas representam só 6% do total.

O celular continua sendo o objeto mais visado, sendo foco único dos infratores em 57,6% dos crimes. “Celular e outros” ficam em segundo, com 7,7%, e “mochilas e bolsas” aparecem em terceiro, com 7,4% das classificações.

Quando se trata de roubo, a agressão física e ameaça com arma de fogo ou réplica são os métodos mais usados, com 28% e 26% dos casos, respectivamente. Já em relação aos furtos, “destreza” e “trombada” são os tipos que mais aparecem entre os boletins em que há especificação, ambos com 45% dos casos cada.

Há ainda 124 registros de quebra de vidro do veículo, sendo 67 deles em que a pessoa estava dentro do carro, o que representa 6% dos casos de furto com o modo foi informado. Este tipo de ocorrência fez com que motoristas de aplicativo passassem a alertar passageiros a não usar o celular enquanto o carro está parado no semáforo, por exemplo.

AUMENTO DE FURTOS
A análise da reportagem considerou dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) que fazem parte do monitoramento semanal específico do crime no entorno da região com maior concentração de usuários de drogas no centro da capital paulista, criado pelo governo estadual em 2023.

Segundo a secretaria, os policiais têm acesso diário ao diagnóstico completo da região para melhorar o planejamento operacional na prevenção de crimes.
Embora os roubos tenham caído 23% na comparação com o mesmo período de 2024 (de 1.297 para 997, em números absolutos), os dados oficiais apontam alta de 26% nos furtos (de 2.603 para 3.290). Houve ainda 66 registros de saques ou movimentações financeiras não autorizadas, contra 46 em 2024.

A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que houve aumento da apreensão de drogas e de prisões de infratores no período.

Em nota, a SSP disse que “as forças de segurança realizam ações constantes para impedir o comércio de entorpecentes, com patrulhamento, abordagens, prisões em flagrante e operações integradas para enfraquecer a atuação de traficantes. Apesar do aumento dos furtos (em 16%), os esforços das forças de segurança resultaram na queda de roubos em 23%, evidenciando o trabalho policial na região.”

A pasta não respondeu sobre o questionamento feito pela reportagem sobre a discrepância entre o número de furtos que constam nos dados oficiais, diferentes dos contidos na nota. Também não se posicionou sobre o fato de a rua em que está a sede da Polícia Civil ser a segunda com o maior número de registros na análise.

A alta nos furtos também ocorreu na cidade como um todo, que registrou marca recorde da série histórica, com 61.829 furtos no primeiro trimestre de 2025, alta de 4,6% em relação ao ano passado.