Pesquisadores do Hospital Clínic de Barcelona, em parceria com a Universidade de Santiago de Compostela e a Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, descobriram que o cérebro tem a capacidade de monitorar e alterar rapidamente a composição das bactérias intestinais — em apenas duas horas — influenciando diretamente a sensação de saciedade.
Segundo os cientistas, o cérebro se comunica com o intestino para informar se o corpo está com fome ou já se sente satisfeito. A descoberta, divulgada nesta terça-feira (23), abre caminho para estratégias que visem restaurar essa comunicação e, assim, ajudar no controle dos hábitos alimentares.
“Normalmente, as áreas do cérebro que regulam o apetite — como o hipotálamo — se ativam quando temos fome e se desligam quando estamos satisfeitos, funcionando como um interruptor”, explicam os pesquisadores em comunicado à imprensa. “Quando esse sistema está desregulado, como no caso de pessoas com diabetes tipo 2, a sensação de saciedade não é transmitida corretamente, o que contribui para o ganho de peso e a obesidade.”
Durante o estudo, foram utilizadas técnicas genéticas e farmacológicas para analisar as áreas cerebrais responsáveis pelo controle do apetite. Os cientistas observaram que, ao ativar ou inibir essas regiões, a microbiota intestinal reagia de forma imediata, mesmo sem ingestão de alimentos, como se tivesse recebido nutrientes.
Essa resposta das bactérias intestinais, segundo os pesquisadores, envia mensagens ao cérebro indicando que o corpo está saciado — ou, ao contrário, que não recebeu alimento — mesmo sem uma refeição real. Essa comunicação revela um mecanismo complexo e pouco explorado entre o cérebro e o intestino.
A expectativa é que, com base nesses achados, seja possível desenvolver intervenções terapêuticas para restabelecer esse elo entre o sistema nervoso central e a microbiota, o que pode ser fundamental no combate a distúrbios alimentares, obesidade e doenças metabólicas.
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