BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Recém-empossado presidente da Câmara dos Deputados em seguida uma campanha marcada pelo silêncio acerca de temas controversos, Hugo Motta (Republicanos-PB) deu entrevistas em sua primeira semana adiante do incumbência em que indicou simpatia a pautas criticadas pelo governo Lula (PT).
Entre esses temas estão a anistia a condenados pelo 8/1, a mudança na lei da Ficha Limpa e a PEC (proposta de emenda à Constituição) do semipresidencialismo.
Ele também cobrou incisivamente a gestão petista em relação à meio da economia, disse que o Congresso não admitirá projetos que elevem a taxação e que o governo precisa mostrar mais responsabilidade com a eficiência dos gastos.
O deputado foi eleito para o incumbência no último dia 1º, com 444 votos dentre 513 integrantes da Lar, com escora do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro, as duas maiores bancadas da Lar.
Em relação ao projeto de lei que prevê anistia aos presos pelos ataques às sedes dos Poderes em 2023, Motta disse em entrevista na sexta-feira (7) à rádio Arapuan FM, da Paraíba, que foi uma “agressão às instituições”, mas não foi tentativa de golpe.
Ele também afirmou que enxerga “um patente desequilíbrio” nas penas impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federalista) a alguns dos envolvidos. “Não pode uma senhora que passou ali na frente do Palácio do Planalto, mas não fez zero, não jogou uma pedra, receber 17 anos de pena para regime fechado”, argumentou.
Ainda assim, Motta disse se tratar de um posicionamento pessoal e que não pode se comprometer a colocar o chamado PL da Anistia entre as prioridades de votação. Segundo ele, isso dependerá da evolução das negociações entre os líderes da Lar.
O posicionamento do parlamentar foi similar em relação à revisão da Lei da Ficha Limpa proposta por aliados de Bolsonaro que desejam que o ex-presidente seja candidato em 2026.
Um projeto de lei apresentado à Lar reduz de oito para dois anos o período de inelegibilidade de políticos condenados por insulto de poder político ou econômico e uso indevido dos meios de informação. O ex-presidente, que está inelegível até 2030 por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), seria contemplado pela mudança.
Motta declarou na terça-feira (4) à CNN Brasil que oito anos de inelegibilidade é um prazo que abrange quatro eleições no Brasil e, por isso, “é um tempo extenso” na política -ou “uma perpetuidade”, uma vez que definiu à rádio de seu estado.
Ainda assim, disse que não tem o compromisso de pautar o projeto para mudar a lei e que os colegas que têm que levar seus argumentos para convencer os demais no escola de líderes e no plenário da Lar.
Em relação à PEC que prevê a adoção do semipresidencialismo no Brasil, Motta afirmou em entrevista à GloboNews também na terça-feira que é favorável à discussão, apesar de não ter urgência para iniciar a tramitação da proposta. Três dias depois, a PEC foi protocolada na Câmara com assinaturas de 179 deputados -são necessárias 171.
Motta disse na sexta (7), em agenda na Paraíba, que a Lar deve discutir o tema do semipresidencialismo porque há “um interesse da Lar e dos partidos”.
“Discutir o sistema político do Brasil é sempre bom para buscar mais eficiência, mais participação popular e buscar governos sempre de mais resultados para uma população que precisa.” Ele salientou, no entanto, que a emprego da mudança não deve ser pensada para 2026 ou 2030, pois seria “muito difícil de confirmar”.
Galeria Cenas da eleição na Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) é eleito presidente da Câmara Todos os acenos de Motta a essas pautas geraram reações negativas de aliados do governo Lula.
Em suas entrevistas, o novo presidente da Câmara mostrou-se mais incisivo nos momentos em que cobrou compromisso da gestão petista com o estabilidade fiscal.
Ele disse que o país hoje vive “cenário econômico reptante muito por motivo das decisões” da atual gestão e que a Lar não votará novos projetos que tenham o objetivo de aumentar a arrecadação do governo, que precisa rever a qualidade do gasto público.
“O recurso está entrando, mas saindo de forma demasiada. O sigilo não está, e o governo precisa entender isso, em quanto se arrecada, mas em quanto se gasta. Porque se você não tem responsabilidade no gasto publico, você pode aumentar a arrecadação toda semana que não será suficiente”, afirmou.
“O presidente [Lula] não chegará possante para disputar a reeleição em 2026 se a economia não tiver segurança. Para ter isso, é preciso ter mudança nos rumos das decisões. Acho que os presidentes de partidos, principalmente os de meio, estão olhando para esse cenário”, complementou.