SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A promessa do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Ricardo Teixeira (União), de que o Legislativo terá uma CPI comandada pela situação e outra pela oposição fez vereadores correrem detrás de assinaturas na primeira sessão do ano, nesta terça-feira (4).

 

Cinco vereadores do PT conseguiram as 19 assinaturas necessárias para protocolar pedidos de Percentagem Parlamentar de Questionário sobre assuntos distintos. Enquanto isso, Rubinho Nunes (União) e Lucas Pavanato (PL) buscavam assinaturas para investigar o jornalista Rodrigo Bocardi e a Orbe.

Alessandro Guedes (PT) foi o primeiro a conseguir protocolar sua sugestão: uma CPI “para investigar as causas e buscar soluções para os problemas das inúmeras enchentes, alagamentos e inundações” que atingem há anos a região do Jardim Pantanal, na zona leste.

“Os vereadores têm interesse em discutir os problemas. Não é uma CPI que vai buscar fazer política em cima disso. É para apurar responsabilidades, sim, mas buscar soluções. Lá é lema com Guarulhos, temos problemas de ocupação, é governado pelo Estado, existe um parque do governo do estado, existe uma problemática. Com força de CPI, que a gente possa sensibilizar governador, prefeito de São Paulo, prefeito de Guarulhos para encontrar soluções”, disse Guedes.

No mesmo partido, também conseguiram as 19 assinaturas necessárias Nabil Bonduki e João Ananias, ambos buscando investigar o incentivo fiscal da prefeitura a moradias populares, já na mira do Ministério Público; Luna Zarattini, sobre “os aumentos abruptos nas contas de chuva e a piora do serviço em seguida a privatização” da Sabesp; e Dheison Silva, a reverência da licença de cemitérios.

Entre os opositores, Luana Alves (PSOL) também conseguiu as assinaturas necessárias para uma CPI sobre as violências cometidas contra ambulantes, artesãos e artistas de rua.

O repto de todos, agora, é conseguir conseguir 27 votos para que uma CPI seja de trajo implementada, o que demanda conseguir o suporte de vereadores da oposição ou dos ditos independentes -a Câmara paulistana tem 55 vereadores.

“A gente vai entrar em negociação, alguma tem que ser colocada. A gente vai iniciar esse período de negociação agora, com as CPIs protocoladas”, comentou a líder do PT, Luna Zarattini.

Ao mesmo tempo, vereadores à direita de Nunes também tentam liderar uma CPI. Lucas Pavanato protocolou nesta terça o seu terceiro pedido. Depois de conseguir assinaturas para uma CPI sobre a invasão de imóveis no meio da cidade e outra para apurar o atendimento social na cracolândia, ele agora quer usar o caso do jornalista Rodrigo Bocardi para investigar repasses a veículos de prelo.

“O Bocardi foi exonerado da Orbe e até onde se sabe existe uma suspeita de que ele estava recebendo recursos públicos para enviesar a notícia. Portanto nós abrimos a CPI, conseguimos 26 assinaturas, se eu não me ilusão”, explicou Pavanato à reportagem.

Pavanato diz não ter indícios de que os recursos supostamente recebidos por Bocardi tenham vindo de órgãos municipais.

“Isso aí a gente vai esclarecer durante a CPI. Agora a gente quer desvendar por que jornalistas estavam recebendo verba para poder enviesar informação, isso não pode e eu acho que o paulistano quer saber disso. Se a Orbe demitiu, é porque tem evidência de alguma coisa inverídico.”

Além de Pavanato, Rubinho Nunes pedia suporte para a CPI nesta terça para uma “CPI da Orbe”, porquê foi explicado a outros vereadores. O requerimento, que não cita Bocardi, fala em “investigar pagamentos e repasses de recursos públicos a jornalistas e empresas de televisão e de notícia por empresas públicas e privadas que prestam serviços ao Município de São Paulo”.

Na justificativa para a CPI, Bocardi também não é citado nominalmente, mas indiretamente: “Notícias recentes que revelam que jornalistas, apresentadores, comentaristas e editores de grandes veículos de mídia poderiam estar prestando serviços de notícia, media trainning e assessoramento de mídia a políticos e partidos políticos”.

Segundo expedido no último dia 30, Bocardi teria descumprido normas éticas do jornalismo da Orbe.

A emissora não deu mais detalhes sobre qual seria a infração do jornalista. Mas o site F5, da Folha de S.Paulo, apurou que Bocardi foi denunciado de, em paralelo ao trabalho na emissora, prestar serviços de notícia para uma empresa que atende contas públicas, incluindo as de prefeituras da região da Grande São Paulo.

O jornalista também prestaria serviços de media training, ou seja, preparava políticos e empresários para aparecerem na própria Orbe. Nos bastidores, fala-se também no vazamento de informações internas da emissora.