ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), antecipou nesta sexta-feira (13) que a Cemig, estatal de robustez do estado, deve ter lucro recorde neste ano.
Ele também defendeu a proposta de privatização da companhia, que foi encaminhada pela sua gestão no mês pretérito junto com o projeto de desestatização da Copasa, estatal de saneamento.
“Conversei com o presidente Reynaldo [Passanezi Filho], que me falou que neste ano vai ser recorde de lucro, de Ebitda [um indicador de geração de caixa], de investimentos, de redução em acidentes do trabalho, em qualidade de robustez fornecida”, disse Zema em um moca com jornalistas em Belo Horizonte.
O governador ainda falou sobre a estratégia de desestatização da empresa, que é transformá-la em uma “corporation”, -sem controlador definido-, a exemplo do que aconteceu com a Eletrobras.
Nesse caso, o governo continuaria com sua participação acionária de 17,04%, mas se tornaria acionista de referência, com poder de veto (“golden share”).
“Não precisamos vender a empresa, se o Estado parar de mandar lá, já fico muito satisfeito. Ele continua a ser acionista, recebe dividendos, a empresa se valoriza. Se amanhã o governo federalista tiver interesse no ativo, nós podemos transferir essas ações”, afirmou Zema.
O dirigente do Executivo mineiro cita a transferência de ativos dos estados para a União que é prevista pelo Propag, programa de renegociação das dívidas dos estados que foi legalizado na Câmara dos Deputados na terça (10) e aguarda novidade votação no Senado.
O governo mineiro cogita a possibilidade de desestatizar a Cemig e repassar sua fatia na companhia à União porquê forma de derrotar os juros da dívida.
Uma vez que mostrou a Folha, porém, tanto o mercado financeiro quanto os deputados mineiros veem poucas chances de aprovação das propostas de privatização de Copasa e Cemig na Parlamento Legislativa.
Além dos projetos, o governo estadual ainda aposta numa PEC (Proposta de Emenda à Constituição) em que pede o termo da consulta popular para desestatização de Cemig e Copasa e a redução do número de votos para a privatização de estatais, dos atuais 48 para 39 votos.
O secretário de Governo de Minas, Gustavo Valadares, responsável pela pronunciação com a Parlamento, admite que hoje as propostas não têm suporte da maioria dos deputados, mas se diz otimista pela reversão do cenário logo que elas começarem a tramitar.
“O governo não se furtará a discutir, seja na Parlamento, seja em audiências regionais, a requisito das duas empresas. Nós demonstraremos de forma muito clara que não há mais espaço para gestões do Estado nestas duas empresas”, disse Valadares.
O presidente reeleito da Parlamento, Tadeu Leite (MDB), indicou há uma semana que os projetos serão analisados exclusivamente quando o estado definir a adesão ao Propag.
“É um tema [privatizações] que tem de ser discutido com muita cautela. Nós estamos falando de empresas da população de Minas Gerais, mas eu entendo que o Estado tem que se modernizar. Nós precisamos fazer discussões sem prejudicar a população, os servidores”, disse o presidente do parlamento.
RAIO-X DA CEMIG
Instalação: 1952
Lucro líquido em 2023: R$ 5,7 bilhões
Ebitda em 2023: R$ 8,5 bilhões
Concorrentes: Alupar, AES, CTEEP, Copel, Celesc, CPFL, EDP Brasil, Eletrobras, Eneva, Engie, Equatorial, Neoenergia e Taesa.