O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, afirma que o veto à livre exportação de vacinas contra covid-19 fabricadas num dos 27 Estados-membros do bloco poderá durar seis meses. Em entrevista ao Estadão, ele disse que poderá analisar algum pedido do governo brasileiro, já que haverá exceções para remessas a países pobres e que não dispõem de capacidade de produzir imunizantes no próprio território. Países dos Bálcãs devem escapar, assim como aqueles que fazem parte da Covax Facility, aliança da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ajudar os países em desenvolvimento a ter acesso a vacinas contra a covid-19.
Apesar do aval para participar da Covax Facility, o Brasil está inicialmente incluído na lista de restrição imposta pelos europeus, segundo o embaixador, por dispor de capacidade de fabricação das próprias vacinas e pelo nível de renda superior. Até agora, o Brasil importou doses prontas da Coronavac, feitas na China, e da AstraZeneca/Oxford, produzidas na Índia. Ele, no entanto, afirma que haverá sensibilidade política para atender a apelos do governo brasileiro se houver necessidade.
“Se chegar o momento que o Brasil precise importar alguma dessas vacinas, se tiver necessidade, a União Europeia vai levar em conta a preocupação brasileira e poderia autorizar a exportação”, afirma Ybáñez. “Não é uma decisão contra os países, mas para conseguir que as empresas farmacêuticas cumpram os contratos. O esforço dos contribuintes europeus foi imenso para conseguir essas vacinas. Gastou dinheiro antes de ter o produto, na pesquisa. É uma limitação muito dirigida às empresas.”
A Europa vinha defendendo, em linha com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “distribuição igualitária” das vacinas. No entanto, o bloco sofreu atrasos no contrato com a fabricante AstraZeneca/Oxford, uma das sete com a qual fechou contrato e, por isso, decidiu impor restrições. O prazo dura três meses e poderá ser estendido por mais três.
O embaixador diz que não há uma mudança de discurso político por parte do bloco. “O discurso continua sendo o mesmo. Queremos assegurar que as vacinas vão chegar a todos os europeus, mas também a todo o mundo”, disse Ybáñez.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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