Veranistas ignoraram as determinações de restrição no litoral de São Paulo para conter o avanço do coronavírus e aproveitaram a manhã de sol neste sábado, 13, no Gonzaguinha, em São Vicente, para se banhar e praticar atividades físicas na faixa de areia. A Baixada Santista se antecipou ao governo do Estado ao proibir o acesso às praias neste fim de semana. A Fase emergencial do Plano São Paulo, com medidas mais rígidas para diminuir a circulação das pessoas no Estado, começa a valer oficialmente na segunda-feira, 15.
Muitos banhistas ouvidos pelo Estadão afirmaram que não sabiam que o acesso à praia já está proibido. Não há nenhuma barreira que as impeça de adentrar na faixa arenosa. “Estou aproveitando o dia que está bonito. Se for para o bem, temos de colaborar com o fechamento, e quando melhorar, a gente retorna. Na segunda não venho mais, temos de respeitar a lei. Sou leigo no assunto, mas especialistas dizem que é bom (fechamento das praias), então temos que acompanhar quem conhece”, disse o aposentado Aroldo Santos, 66 anos.
A professora e advogada Fátima Araújo, 51 anos, aproveitou a manhã para caminhar à beira-mar. “Com certeza, vou respeitar o fechamento, vim dar uma última caminhada à beira-mar e a partir de segunda-feira, 15, até o dia 30 de março, vou ficar sem vir. Acho que tem de fechar mesmo, pode ver que até diminuiu a quantidade de turistas que vem para cá por conta da praia”, afirmou.
O Estadão entrou em contato com a Prefeitura de São Vicente para comentar o ocorrido, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Em toda a orla de Santos foram colocados gradis e telas separando o calçadão e a faixa de areia. Essa ação não permitiu a passagem de pessoas, porém alguns idosos criticaram o fechamento. “É uma medida estúpida e idiota. Queria que ele (governador João Dória) provasse que alguém foi infectado aqui. Algumas pessoas usam a praia em benefício da própria saúde e os médicos disseram no começo da pandemia para virmos à praia, tomar um ar puro, que isso iria ajudar”, disse a aposentada Mariza Sampaio, 81 anos.
Na praia da Aparecida, em Santos, o aposentado Marco Laurindo, 72 anos criticou a decisão de isolar a faixa de areia e o mar e permitir que as pessoas fiquem no calçadão. “O vírus no calçadão não pega e na areia pega? Acho um absurdo essa decisão. Liberar a praia é uma maneira de você permitir que as pessoas façam uma caminhada, um exercício físico, que já foi comprovado que ajuda na imunidade. As pessoas não têm feito aglomeração na areia e no mar, isso é coisa de decisão política”, disse o aposentado.
Condesb
O Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista reivindicou ao governo estadual o apoio da Polícia Militar no monitoramento das praias, o cancelamento da operação descida para desestimular a chegada de veículos da capital e do interior e a realização de uma barreira sanitária no alto da serra. As reivindicações são resultado de uma reunião entre os prefeitos da Baixada Santista realizada por videoconferência na última quinta-feira, 11.
A única das solicitações atendida pelo governo estadual foi a do cancelamento da operação descida e, consequentemente, da operação subida no sistema Anchieta-Imigrantes nos dias 20, 21, 27 e 28 de março.
Segundo a Ecovias, de 0h dessa sexta-feira, 12, até as 13h deste sábado, 13, 86,2 mil veículos passaram pelas rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), em direção ao litoral. O número é 13,6% menor que o esperado para finais de semana de sol nesta época do ano.
A concessionária aguarda a comunicação oficial sobre a possível suspensão da realização da Operação Descida, mas as novas medidas de restrição adotadas pelo Governo do Estado já apresentam efeito na redução do volume de tráfego no SAI, fato que, por si só, elimina a necessidade de implantação da operação especial.
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