(FOLHAPRESS) – A Vai-Vai, maior campeã do Carnaval paulistano, com 15 títulos, está de volta ao grupo de elite. A escola do Bexiga foi a vencedora no Grupo de Acesso, segundo apuração desta terça-feira (21), com 270 pontos.
A Camisa Verde e Branca, que ficou em segundo lugar com a mesma pontuação, também conquistou o acesso. As duas escolas desfilam no próximo sábado (25), junto com as cinco primeiras colocadas do Grupo Especial, com a campeã Mocidade Alegre.
Já X-9 Paulistana, que homenageou dona Ivone Lara, e Morro da Casa Verde, que levou ao sambódromo enredo sobre dinastias e poder na história, foram rebaixadas ao Grupo de Acesso 2.
Na avaliação do presidente da Vai-Vai, Clarício Gonçalves, o retorno da escola à elite significa o resgate da tradição da agremiação.
“O resgate do Vai-Vai é o presente de 93 anos [da escola]”, afirmou ele, que acrescentou ter sido mais difícil ganhar o acesso sem uma sede.
O terreno da antiga sede foi desapropriado em 2021 para a construção da estação Praça 14 Bis da linha 6-laranja do metrô. Até agora, não há uma quadra fixa nova. “Mas nisso vamos pensar depois, agora é comemorar com a comunidade”, disse Clarício.
A agremiação do Bexiga, região central de São Paulo, empatou no primeiro lugar com a Camisa Verde e Branco, escola tradicional da Barra Funda, mas levou o título nos critérios de desempate. Ambas alcançaram a soma máxima, 270 pontos.
Representantes das duas escolas fizeram uma rápida comemoração em conjunto no Sambódromo do Anhembi, na zona norte paulistana, e levaram os troféus para suas comunidades.
Com um desfile bastante elogiado, a Vai-Vai tinha a imortalidade como tema do enredo, reeditando seu Carnaval de 2005.
A Camisa Verde e Branco, por sua vez, homenageou os heróis invisíveis, com críticas à pobreza e elogios a quem ajuda o próximo.
Uma das rebaixadas do Grupo de Acesso, a X-9 Paulistana foi envolvida em uma polêmica após uma fala do presidente da agremiação, Mestre Adamastor.
Momentos antes do desfile, ele fez o gesto de combate ao racismo, de punho cerrado, e disse: “Sabe o que significa isso aqui? Porra nenhuma. Se a gente não cantar, está morto com farofa. Essa é a real”.
A fala está registrada no canal de YouTube da Liga de Carnaval de SP. A entidade publicou uma nota e disse que o discurso tinha cunho racista.
“Como organizadora de uma festa cuja identidade é essencialmente negra e enquanto representante do samba em São Paulo, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo vem a público para se opor às falas de cunho racista, manifestadas por falta de conhecimento durante o início do desfile da X-9 Paulistana, no último domingo (19).”
Antes do início da divulgação das notas nesta terça (21), o locutor Antonio Pereira da Silva, o Zulu, leu trechos de “Narciso Negro”, samba-enredo de 1997 da Nenê de Vila Matilde. “Sou herança de Zumbi, sou liberdade, sou povo, sou negro, sou arte”, disse, pedindo respeito.
Segundo a assessoria da escola, um adversário publicou a mensagem fora de contexto nas redes sociais e já foi notificado extrajudicialmente.
No perfil da escola em redes sociais, o presidente disse que usar o gesto foi infeliz. “A minha intenção era que a comunidade levantasse os braços e mostrasse que não é apenas levantar os braços, mas ter atitude e cantar o samba. Tive a infelicidade de usar um termo que hoje aprendi que faz parte da resistência negra”, afirmou Adamastor.
O perfil da escola também compartilhou vídeos de apoiadores. “Não foi nenhum tipo de ato racista”, disse Carlos Augusto. “O que nosso presidente quis dizer, que eu entendi, é que não é só levantar o braço dizer isso e aquilo, precisa estar de verdade, cantar, dançar, evoluir.”
Segundo a Liga, a escola, que chegou a 269,2 pontos, não foi penalizada pelo episódio.
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