Uso de drones se diversifica e inclui até transporte de sêmen na granja

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Startups estão investindo no desenvolvimento e na certificação de novos drones para ampliar o uso desses veículos no agronegócio, na inspeção de grandes ativos e na entrega de mercadorias.

Em maio, a BRF fez um voo experimental em Toledo (PR) para testar o transporte de sêmen de suínos do centro de produção até o espaço em que ficam as fêmeas que servem como matrizes para a produção de animais.

Guilherme Brandt, diretor de Agropecuária da BRF, diz que a tecnologia tem o papel de evitar a entrada de pessoas na granja e, com isso, diminuir os riscos de contaminação.

Também pode tornar a distribuição de insumos agropecuários mais rápida e sustentável, por evitar o uso de caminhonetes, afirma.

Segundo o executivo, foram realizados voos em distância de cinco quilômetros, com o equipamento seguindo automaticamente a uma rota pré-definida.

Após confirmada a viabilidade da operação, a companhia analisa qual a capacidade de carga e autonomia de voo que precisariam ser usadas para ampliar a adoção da tecnologia.

Ainda não há previsão de quando pode ocorrer a adoção regular dos equipamentos.

O projeto é realizado em parceria com a startup de Franca (SP) Speedbird Aero, que também possui planos para acelerar a entrega de comida pedida a partir de aplicativos, distribuir medicamentos e exames laboratoriais e produtos da indústria para o varejo.

No formato que foi testado pela startup, o produto ainda não vai do restaurante à casa do cliente. A companhia usou o Shopping Iguatemi de Campinas (SP) para realizar voos de 400 metros de distância levando os pedidos de uma ponta do empreendimento até um centro de distribuição montada pelo iFood.

Com isso, o tempo para percorrer o trajeto do restaurante até o centro em que os entregadores retiram os pedidos das lojas do shopping para levar até o cliente foi de 12 minutos, a pé, para 4 minutos, com drone, segundo o iFood.

Apesar de ter atingido suas metas, a operação, iniciada em 2020, foi suspensa por causa da pandemia, diz a startup.

De acordo com Samuel Salomão, fundador da Speedbird, o modelo desenvolvido pela startup e testado com o app de delivery pode levar dois quilos de carga por até 8 quilômetros. A companhia tem autorização experimental da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para o equipamento e espera com seus testes conseguir certificação da agência para produzir em maior escala até o final do ano.

A companhia também desenvolve drones para distâncias e pesos maiores.

A startup XMobots testa um drone de carga para entregas em cidades do interior, que ganhou o nome de Drargo.

Giovanni Amianti, sócio da companhia, diz que o objetivo é que o veículo, com capacidade para voar até 1.000 quilômetros e carregar até 41 quilos, leve encomendas de vários consumidores até um centro logístico. A partir daí, drones menores podem pegar as encomendas e levá-las até a casa do cliente.

A meta é que, com os drones, grandes varejistas consigam oferecer entregas no mesmo dia da compra em cidades mais distantes de suas lojas e centros de distribuição, diz o empresário.

A startup, criada em 2007 e atuante em mercados como reflorestamento e mapeamento de plantações, captou R$ 30 milhões em investimentos em 2019 e busca mais recursos.
Fabrício Hertz, presidente da Horus Aeronaves, diz que, nos últimos dois anos, aumentou a quantidade de empresas de setores variados que perceberam a possibilidade de adotar drones nos negócios.

A companhia, que iniciou suas atividades no agronegócio, passou a oferecer neste período serviços para que empresas monitorassem grandes ativos, como linhas de transmissão, torres de telefonia e parques em que estão estocados minérios.

Para conseguir ampliar a abrangência geográfica de seu serviço de monitoramento, a startup possui parceria com 1.000 operadores de drones que prestam serviço para ela em diferentes regiões do Brasil.

Na Panorama ID, a ideia é que empresas donas de grandes centros de distribuição usem os drones para fazer o inventário de seus estoques.

Os equipamentos podem voar e registrar os códigos de barras dos produtos que estão guardados nas prateleiras mais altas, evitando que funcionários tenham de subir em plataformas erguidas por empilhadeiras para fazer a conferência dos produtos, diz Antonio Carlos Martos

O empresário afirma que o serviço é usado por três clientes e outros dois estão em fase de implantação.

Além das aplicações em desenvolvimento, usos mais conhecidos também seguem ganhando espaço no mercado.

Eduardo Goerl, da gaúcha Arpac, diz que seu serviço de pulverização de defensivos agrícolas químicos e biológicos (organismos vivos que combatem pragas) em plantações de cana-de-açúcar a partir do ar cobriu 120 mil hectares em 2020. No ano anterior, o volume de terra sobrevoado pelos equipamentos havia sido de 25 mil hectares.

No serviço, antes do voo para pulverização, drones menores fazem um mapeamento da área para identificar as pragas e, com isso, o insumo é lançado apenas ao redor da área infectada, evitando desperdício, diz Goerl.

A companhia atende usinas de cana na Região Sul, em São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Rondônia. Cada estado possui equipe própria. Um desafio da companhia, de 50 funcionários, é ampliar as contratações para atuar em mais locais, por isso a startup busca investidores.

A empresa também desenvolve modelos de drone para passar a trabalhar com outras culturas, como soja e arroz, diz Goerl.

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