Uma nuvem situada sobre a ilha mais alta de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, despertou a curiosidade de uma equipe de pesquisa da UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Meteorologistas vão iniciar um minucioso estudo, de modelagem numérica, para identificar como se dá a formação da nuvem através dos séculos.
Os primeiros registros oficiais do fenômeno são de 1836, quando o Império Brasileiro viu o projeto de implantação do farol em Cabo Frio ser derrubado pela presença da nuvem, que ficava na frente do feixe de luz, impedindo a visibilidade dos navegantes, resultando em muitos naufrágios. Foram 25 anos até que o governo português construísse um novo farol, em outro ponto da ilha, que, sem a nuvem, funciona normalmente até hoje.
O fenômeno já virou pesquisa da Marinha do Brasil e agora, ganha também o interesse da UFRJ, por meio do trabalho de pós-graduação da jornalista Fabiana Lima. Ela foi a primeira a contar a história da nuvem, com repercussão em rede nacional no “Como Será”, Rede Globo, e trouxe o tema para o campo acadêmico, como objeto de monografia do curso de Clima e Energia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em parceria com a UFRJ.
“A nuvem reúne um enredo de mistério, crendices… de história do país a fenômenos da natureza. É uma lenda! Agrega valor à região. As pessoas que sabem dela, ganham mais um elemento para observar diante da beleza toda que é Arraial do Cabo”.
Contrariando a fama de má, de ter expulsado o império da ilha, a nuvem quando aparece, é sinal de que a praia está garantida. Os estudos da Marinha demonstraram que quando ela está presente, é sinal de ausência de interferências na atmosfera, como passagem de frentes frias ou correntes de umidade. Possivelmente, este sinal pode indicar que a nuvem atua como um “radar natural” para a região. Respostas que vão ser concluídas com as pesquisas da equipe do meteorologista Wallace Menezes, do laboratório de prognósticos e Mesoescala da UFRJ.
“Vamos reunir os dados de temperatura, vento, umidade, pressão e todas variáveis da região. Já entendemos que a nuvem se forma pela presença da montanha. O ar é obrigado a subir a encosta, se resfria, e acontece a condensação. Mas queremos entender a partir de qual momento essas gotículas se formam”. Explica o meteorologista.
As informações já compreendidas e os processos que estão por vir na próxima pesquisa viraram um mini documentário, feito pela jornalista Fabiana Lima. Ele foi apresentado às instituições estadual e federal de ensino e está disponível, gratuitamente, no Youtube no linkhttps://youtu.be/llKMt0ELzIw
“O meio acadêmico está sempre produzindo conteúdo de relevância e quase sempre este material fica retido entre aluno e professor. É preciso ultrapassar essas barreiras, fazer com que a população em geral também tenha acesso ao que está sendo produzido nas instituições. Agregar as linguagens para que o conhecimento seja compartilhado”. Destaca a jornalista.
Para o professor Wallace Menezes (UFRJ), o desenvolvimento da ciência se reverte em benefícios diretos para a sociedade.
“É importante ressaltar que a meteorologia é fundamental para a segurança das atividades humanas e esta pesquisa contribui para evolução de entendimentos que auxiliam em variados processos, aperfeiçoando o domínio dos aspectos da meteorologia e previsão do tempo”, finaliza o professor.
Com informações da UFRJ.
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