Trump pode ameaçar refugiados e levar EUA de volta à década de 40, diz diretor de associação latina

JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O CEO da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos (Lulac, na {sigla} em inglês), Juan Proaño, diz que Donald Trump pode promover uma das políticas de reforma de imigração mais restritivas dos Estados Unidos. Na campanha, o republicano falou em fazer a maior deportação em tamanho dos EUA, uma de suas principais bandeiras.

 

Adiante da maior e mais antiga -fundada em 1929- organização de direitos civis da comunidade hispânica, Juan avalia que, se implementado, o oração do republicano pode levar à perda de status de refugiados e à consequente expulsão deles.

“Estamos falando sobre voltar aos anos 1940, onde você tem campos de internamento japoneses, por exemplo”, diz à reportagem, referindo-se ao período pós-ataque de Pearl Harbor, pelo Japão, na 2ª Guerra Mundial, em que os EUA retiraram mais de 120 milénio cidadãos de origem nipônica de mansão e os levaram a esses campos para servir ao Tropa americano.
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PERGUNTA – A votação de latinos em Donald Trump neste ano representou um recorde de votos dessa parcela da população para um candidato republicano desde 1976. O que explica isso?
JUAN PROAÑO – É preciso separar algumas coisas. Pude investigar alguns dos dados de votação. O que vimos, efetivamente, foi que as mulheres votaram nas mesmas taxas que em confrontação a 2016. Foi o voto dos homens latinos que mudou. Analisamos isso tanto em confrontação com 2020 quanto com 2016, porque Trump também estava concorrendo contra uma mulher, Hillary Clinton. A maior mudança foi em relação aos homens hispânicos. Vimos indícios disso desde 2016, principalmente no Texas, na fronteira sul. Já havia indicadores de que ele estava se saindo progressivamente melhor com o voto latino. Conversamos com muitos dos pesquisadores e eles estavam confiantes de que Kamala iria ultrapassar 55% no voto latino, e isso não ocorreu. Ela teve talvez 52 ou 53%. Trump não venceu a maioria do voto latino, ainda estava inferior de 50%, mas venceu com uma maioria esmagadora de homens latinos. Fez isso em todo o país e mudou significativamente o voto latino.P – Essa mudança está relacionada ao oração da direita? Tem alguma relação com religião?
JP – Há uma grande variação da população latina nos Estados Unidos. Você tem que principiar a honrar os que são cidadãos dos EUA ou têm residência daqueles que estão em situação irregular. Você pode viver cá, trabalhar cá, ter mansão e filhos que são cidadãos nascidos nos EUA, mas se você é indocumentado, você não pode votar, ponto final. Eles não têm voz.
Logo [sobre a votação], você está falando com latinos nascidos nos EUA, que estão cá há gerações. E há definitivamente uma grande separação entre o pensamento desses dois grupos. Muitos latinos apoiam moderar o fluxo de imigração na fronteira. E minha sensação é que muitas pessoas não acreditam necessariamente que Trump vá realmente deportar 10 milhões de pessoas. Da mesma forma que ele disse que ia edificar um muro e que o México ia remunerar por isso, isso nunca realmente aconteceu. Logo, [a vitória] está ligada à retórica que ele estava espalhando durante a campanha. A mensagem sobre a economia certamente atingiu muitas pessoas.P – O sr acredita que Trump vá levar as promessas adiante?
JP – Tenho certeza de que ele vai passar [no Congresso] a reforma da imigração. E o que estamos potencialmente olhando seria algumas das políticas de reforma de imigração mais restritivas que já vimos. Dez milhões [de pessoas em situação irregular] é um número realmente grande. Estimativas de grupos de política de imigração calculam que custaria até US$ 900 bilhões deportar um milhão de latinos dos Estados Unidos. Quem vai remunerar por isso? Não temos pessoas suficientes para fazer a emprego da medida, a menos que ele esteja mobilizando o Tropa, o que também é proibido.P – Ele está dizendo que vai usar o Tropa.
JP – Ele está dizendo muitas coisas. Está falando de ir detrás de cidadãos naturalizados e desnaturalizá-los, por exemplo, e depois deportá-los. Não podemos tomar nenhuma atitude agora. Temos que ver o que ele vai fazer.P – Apesar desse oração, Barack Obama deportou mais gente no governo dele do que no primeiro de Trump. Porquê eles se diferenciam?
JP – Obama deportou tapume de 3,6 milhões de pessoas. Mas isso era uma porta giratória. As pessoas entravam e saíam na fronteira. Não é uma vez que se ele tivesse montado campos de detenção, campos de internamento, e ido procurar as pessoas para deportar. O que Trump está falando é muito dissemelhante. Estão falando em envio de pessoas para igrejas e escolas, em entrar em cidades-santuário, por exemplo, e fazer uma emprego em tamanho lá. Logo você está falando sobre voltar aos anos 1940, onde você tem campos de internamento japoneses. As pessoas não estão necessariamente preparadas para esse cenário. Veremos qual será a resposta pública quando esse momento chegar.P – O que mais preocupa o sr.?
JP – A definição do que chamam de proibido. Se você é um beneficiário do Daca [sigla em inglês para a permissão temporária de trabalho a imigrantes que chegaram aos EUA com menos de 16 anos], está legalizado. Se você tem TPS [sigla em inglês para Status de Proteção Temporário, que oferece residência a pessoas oriundas de países afetados por guerra ou desastre natural ou que sofram riscos em sua nação de origem], ou seja, se é um asilado, se é um refugiado, você está legalizado, mas eles [aliados de Trump] se referem a todas essas pessoas uma vez que ilegais. Todos os haitianos que vieram uma vez que refugiados podem ter seu status removido. É disso que Stephen Miller [nomeado por Trump para ser assessor na Casa Branca] está falando.
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RAIO-X | JUAN PROAÑO, 51
Nascido em Miami, desde 2023 é CEO da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos (Lulac, na {sigla} em inglês). É cofundador da Plus Three, uma empresa de tecnologia que atende a organizações sem fins lucrativos. É formado pelo Borough of Manhattan Community College (BMCC).

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