Trump diz que ameaçou lutar Moscou para intimidar Putin

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ameaçou lutar Moscou na tentativa de demover o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de seus planos de invadir a Ucrânia, afirmou o próprio republicano ao The Wall Street Journal, sem dar detalhes de quando isso teria realizado.

 

A entrevista, publicada nesta sexta-feira (18) pelo jornal americano, mostra que a postura pouco ortodoxa na política externa que o empresário adotou durante o seu procuração, entre 2017 e 2021, deve permanecer em um eventual retorno à Vivenda Branca –ou seja, caso ele consiga derrotar a vice-presidente Kamala Harris nas eleições do início de novembro.

“Eu me dava muito muito com ele”, afirmou Trump sobre o presidente russo. “Eu disse: ‘Vladimir, se você for detrás da Ucrânia, eu vou te lutar com tanta força que você nem vai confiar. Vou te lutar muito no meio de Moscou’. Eu disse: ‘Somos amigos. Não quero fazer isso, mas não tenho escolha’.”

Ao invocar Putin de companheiro enquanto ameaçava a Rússia com um ataque, de harmonia com seu relato, o americano reforça as declarações públicas ambíguas que os dois líderes costumam dar em relação ao outro, muitas vezes com ironia. No início de setembro, por exemplo, o líder russo afirmou que torcia para Kamala lucrar as eleições devido ao seu “riso contagiante”.

Trump é culpado por críticos de estribar Putin em troca de uma interferência na campanha das eleições de 2016, que deram vitória ao republicano –apesar de uma apuração de três anos feita pelo Departamento de Justiça dos EUA ter descartado a hipótese.

A despeito das ameaças que diz ter feito a Putin, o ex-presidente é um crítico dos gastos destinados à Ucrânia pelos EUA, um dos principais aliados de Kiev na guerra contra a Rússia. Se eleito, diz, acabaria com o conflito em 24 horas, um tanto que implicaria muitas concessões a Moscou, de harmonia com críticos.

Trump encara com a mesma simplicidade um eventual bloqueio de Taiwan pelo líder da China, Xi Jinping –um tanto “muito fácil” de resolver, segundo ele. “Eu diria: Se você entrar em Taiwan, desculpe por fazer isso, eu vou te taxar –quer manifestar, impor tarifas– em 150% a 200%”, afirmou o ex-presidente.

Questionado sobre a urgência de força militar para impedir um ataque a Taiwan, ilhéu governada democraticamente e que Pequim vê uma vez que seu próprio território, Trump disse que não precisaria. “Ele me respeita e sabe que sou louco”, disse.

Tarifa sobre importação, aliás, é uma política que Trump defende mesmo sem a urgência de dissuadir uma eventual invasão. As propostas do projecto econômico do republicano incluem taxas de 60% sobre importações da China, de 10% sobre produtos do resto do mundo e de até 200% sobre veículos montados e importados do México.

Durante sua Presidência, a abordagem agressiva em relação à China foi marcada por ondas de tarifas que mergulharam os dois países em uma guerra mercantil que afetou os mercados mundiais.

“Sei que vocês [do jornal] são muito contra tarifas, mas acho que é a vocábulo mais formosa no léxico. Acho mais formosa do que qualquer vocábulo que eu possa pensar, exceto ‘fé’ ou ‘paixão'”, disse Trump durante a entrevista.

De harmonia com o jornal, o republicano defende que seu projecto econômico atrairia empresas, e, nesse contexto, os EUA precisariam de migrantes, segundo ele.

“Quero que muitas pessoas entrem, mas quero que entrem legalmente”, disse. “Vamos trazer muitas empresas por meio de uma combinação de impostos mais baixos em que você constrói cá, e temos que protegê-las com tarifas. Mas a imigração ilícito, do jeito que está acontecendo agora, em que as pessoas estão vindo, seus países estão despejando seus piores prisioneiros e seus piores criminosos em nosso país, não é sustentável.”

Desde o início do procuração do atual presidente, Joe Biden, Trump tem afirmado que os migrantes que cruzam a fronteira vêm de prisões ou instituições de saúde mental de outras nações. O republicano nunca apresentou fontes que corroborassem essa certeza à prelo americana.