LUCAS BRÊDA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Ver Travis Scott é como assistir a um filme de ficção científica. Atração principal do dia do trap, o primeiro da edição de 40 anos do Rock in Rio, ele fez do palco Mundo um pandemônio psicodélico e futurista na madrugada deste sábado (14).
Comandou seu circo com labaredas de fogo espalhadas pelo palco, luzes, fogos e telões coloridos para uma massa em euforia. As rodas de pogo, esperadas no show de Scott, estiveram lá, assim como os sinalizadores fazendo fumaça numa plateia abarrotada e suada.
O ápice desse trap bate-cabeça é “Fe!n”, música de Scott com Playboi Carti. Curta e feito sob medida para a plateia pular, a canção foi tocada cinco vezes seguidas no Rock in Rio -algo que o rapper costuma fazer em seus shows.
De refrão extremamente simples e contagiante -basicamente o nome da música repetido-, ela foi ficando gradativamente mais intensa conforme Scott cantava de novo. Não só a performance dele, mas o público também foi pulando e gritando mais com as repetições, pedindo “Fe!n” novamente.
Mas à meia noite deste sábado (14), horário marcado para Scott subir ao palco, não parecia que seria assim. O americano atrasou 45 minutos e, já durante o show, reclamou das condições técnicas.
Disse que estava triste porque não podia usar seus telões como queria, mas ia fazer o show “por todos vocês”. Depois se declarou a Rio, que chamou de cidade favorita no mundo, motivo pelo qual seguiria com a apresentação mesmo sem as condições ideais.
Scott foi o astro de um dia todo dedicado ao trap, gênero do qual ele figura no panteão. Pupilo de Kanye West, é não só um dos mais ouvidos, mas um dos mais influentes da história desse estilo musical derivado do rap.
Referências de dez em dez trappers brasileiros, rosto onipresente nas camisetas do público no Parque Olímpico, ele encontrou um público disposto. Nesta sexta, o Rock in Rio recebeu uma maioria de jovens, adolescentes e algumas crianças acompanhadas dos pais.
Fez o show baseado em seu disco mais recente, “Utopia”, do ano passado, mas cantou músicas de todas as suas eras. Recebeu três pessoas da plateia no palco em “Sdp Interlude” e “Type Shit” e puxou a suave “My Eyes” em cima de uma plataforma que o ergueu sobre a plateia.
“Butterfly Effect”, música do disco “Astroworld”, marcou uma virada para o trap estilo montanha russa de Scott. O álbum de 2018, que carrega no nome um parque de diversões de Houston, cidade do rapper, é o que melhor encapsula essa estética.
As batidas duras e melodias lisérgicas trocam de direção como um trem fantasma -caso de “Sicko Mode”, uma das mais celebradas. De “Astroworld” vieram também “Highest in the Room” e “No Bystanders”, numa sequência que teve ainda sucessos antigos como “90210”, “Mamacita” e “Antidote”, além das cinco vezes de “Fe!n” e o hit “Goosebumps”.
É difícil imaginar o que faltou nos telões de Scott, que mesmo com a estrutura que teve fez seu espetáculo apocalíptico embebido em AutoTune funcionar num palco deste tamanho. Não estendeu o show, que durou cerca de 1h15, mas reinou soberano no dia em que o Rock in Rio se rendeu ao trap.
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O jornalista viajou a convite da Natura