O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta quinta-feira, 5, não ter dúvidas de que o policial militar que atirou um varão de uma ponte na zona sul de São Paulo será expulso da corporação – ele foi recluso nesta manhã.

 

O dirigente do Executivo também admitiu ter incorrecto em sua avaliação sobre a eficiência das câmeras nas fardas dos agentes de segurança e reconheceu a urgência de estudar aperfeiçoamento da corporação. Apesar disso, voltou a sinalizar a permanência do secretário Guilherme Derrite do comando da Segurança Pública.

“Vai permanecer recluso, ser expulso da corporação, não tenho dúvidas disso”, afirmou Tarcísio durante a inauguração do Núcleo de Transplante de Medula Óssea do Instituto do Cancro do Estado de São Paulo (Icesp). A resguardo do PM Luan Felipe Pereira disse, em nota, ver na prisão “simples viés de antecipação de culpa”.

O caso do varão arremessado da ponte não foi solitário. O último mês foi marcado por uma sequência de violências policiais, uma vez que as mortes de uma menino de 4 anos na Baixada Santista, de um estudante de Medicina baleado em um hotel da capital e de um varão atingido nas costas em seguida tentativa de roubo em um mercado. Diante desse cenário, Tarcísio defendeu mudanças na PM.

“O exposição de segurança jurídica, para os agentes de segurança combaterem de forma firme o delito, não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa, para descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar. Tem uma hora que a gente tem que invocar a corporação: Espera aí. O que está acontecendo? Vamos redesenhar isso cá.”

Descartou, porém, mudanças no comando da segurança e da PM. “Momento de crise você não deve fazer mexida. Não é hora. Imagina cada situação difícil que você enfrentar, eu deixo de ter a crédito nas pessoas e parto para uma mudança generalizada. Interpreto isso uma vez que uma coisa ruim. Entendo que ao termo e ao cabo, a responsabilidade dos problemas é minha”, afirmou.

O governador também admitiu falhas pessoais, uma vez que no caso das câmeras nas fardas. Ao longo de sua gestão, ele questionou a eficiência do dispositivo e chegou a declarar, em janeiro deste ano, que o equipamento não oferecia benefícios para a sociedade. Depois, passou a manifestar que manteria o protótipo.

“A questão das câmeras: eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive, que não tem zero a ver com a questão da segurança pública. Hoje, estou absolutamente convicto de que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial. Vamos não só manter, mas ampliar o programa.”

Ele defendeu ainda um estudo para entender o que é necessário fazer para investir em melhorias na corporação: programa de treinamento, reciclagem, intercâmbio entre polícias e compra de armamento não mortífero.

Polícia passa a usar equipamento que permite interromper gravação

Neste mês, a PM de São Paulo passa a usar um novo protótipo de câmeras nas fardas que permite ao agente de segurança interromper a gravação durante uma ocorrência. Esses equipamentos foram comprados em seguida edital da gestão de Tarcísio publicado em maio. A tecnologia anterior, adotada no Estado desde 2020, não permite pausas na gravação.

Especialistas apontam que a brecha pode prejudicar a qualidade e a eficiência do registro da ocorrência. Questionado sobre o ponto, o governador negou desapertar o programa, alegou que o acionamento também poderá ser feito remotamente, e disse que os equipamentos serão substituídos gradativamente.

“A gente não pode descobrir que estou querendo desapertar o programa porque lá trás eu tinha uma visão errada, equivocada. Eu admito, estava incorrecto. Eu me enganei. Não tenho problema nenhum de chegar cá e manifestar que eu me enganei, que eu estava incorrecto, que tinha um visão equivocada sobre a valimento das câmeras, que eu mudei absolutamente a posição, e que eu vou fazer com que a implantação seja um sucesso e funcione realmente para o termo que ela serve, que é proteger o cidadão, o bom policial.”

“Enquanto a gente não estiver seguro com relação à tecnologia, a gente não descontinua as câmeras que existem, que estão funcionando. Elas vão continuar em operação. (…) Só vai ter essa substituição gradativa a medida que a gente estiver muito confortável com a novidade tecnologia que está chegando.”