(FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que considera viável vender a Sabesp até o final de 2024. E o modelo, a seu ver, deve ser parecido com o da Eletrobras, mais pulverizado, em detrimento do usado pelo governo do Rio de Janeiro para privatizar a Cedae.
Tarcísio participa nesta semana do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
Segundo o governador, os estudos para a privatização serão iniciados já, e o dinheiro arrecadado deve ser mantido no próprio setor para investimentos e ampliação da cobertura. “Saneamento básico é a bola da vez, os países, os fundos, têm muito interesse em investir no Brasil.”
Ele minimizou eventuais mudanças no marco legal do saneamento durante o governo Lula. “Ainda temos um desafio enorme da universalização da prestação do serviço, com mercado consumidor e com receita garantida por lei”, afirmou, justificando a continuidade do arcabouço que permitiu destravar concessões no setor.
O governador afirma ver grande interesse de investidores no Brasil, e tem usado sua participação no evento para apresentar o programa estadual de investimento, incluindo concessões e privatizações.
Tarcísio também disse estudar a criação de um título financeiro -um “green bond”- emitido pelo estado e cuja arrecadação seria usada na recuperação e proteção ambiental. O tema foi aventado em reunião com o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o brasileiro Ilan Goldfajn, que também se encontrou com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e a ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
O governador não tem, até agora, compromissos organizados pelo fórum, mas a agenda bilateral se aproxima de 35 compromissos em cinco dias.
Tarcísio também se reuniu com a diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, para falar de eventuais barreiras de proteção contra produtos exportados pelo estado, sobretudo para a Europa, onde a questão ambiental vem sendo invocada para barrar importações.
Na quinta-feira, o governador se reúne com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ativista ambiental Al Gore, que em 2020 acabou reagindo a uma declaração do então ministro da Economia, Paulo Guedes, que justificava o desmatamento.
Guedes era colega de Tarcísio no ministério de Jair Bolsonaro (PL), um governo que acabou marcado pelo desdém à preservação ambiental.
Indagado sobre a mudança de tratamento com o novo governo, Tarcísio respondeu que “sempre colocou, no Ministério da Infraestrutura e agora no governo de São Paulo, a questão da sustentabilidade”.
“Tem uma razão muito importante: fluxos financeiros vão estar cada vez mais atrelados a padrões ambientais, então não adianta você achar que vai captar recursos no exterior sem colocar sua preocupação com sustentabilidade e sem mostrar que seu projeto está bem estruturado em relação à mudança climática”, disse.
Em meio ao discurso neoambientalista, o governador também elogiou o governo Lula pela “abertura ao diálogo”, e afirmou manter uma boa relação, “republicana”, com a atual gestão federal.
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